Nuno Bettencourt- “Saudades do Brasil”

NUNO BETTENCOURT – foto: ADRIANA CAMARGO

A banda Extreme sacudiu o mundo musical nos anos 90, explodindo em todas as paradas do mundo com o hit “More than Words”. Gary Cherone, Pat Badger, Nuno Bettencourt e Paul Geary estiveram no Brasil em 1992 para uma apresentação lendária no festival Holywood Rock e desde então, nunca mais retornaram ao país.
Depois de 20 anos de hiato, o guitarrista Nuno Bettencourt, de passagem pelo Brasil em tour com a cantora Rihanna, visitou a Expomusic para uma tarde de autógrafos e o lançamento de sua mais nova guitarra a N4 no estande da Proshows/Washburn.
Em entrevista exclusiva, a Revista Eletricidade conversou com o guitarrista que nos contou mais sobre seus novos projetos e suas lembranças do Brasil daquela época.

Revista Eletricidade: A sua última visita ao Brasil foi em 1992, no Hollywood Rock com Extreme. Quais as memórias mais marcantes que você guarda do Brasil?

Nuno: Nós ainda falamos sobre isso, dentro da banda. Falamos porque foi uma das nossas melhores viagens porque foi a primeira vez que tivemos fãs como aqueles, loucos. Foi a primeira vez que ficamos com medo de sair.

Revista Eletricidade: Nós estavamos lá, por sinal…

Nuno: – Onde? No show?

Revista Eletricidade:- Sim!

Nuno: – Eu estou falando do aeroporto, do hotel. Nunca tinha visto pessoas mais loucas na minha vida. Perdi metade dos meus cabelos tentando sair do aeroporto e minha camisa e tudo mais.
Foi incrível, nunca tinha passado por nada como aquilo antes. Contamos sempre esta história e é por isso que eu dizia antes que é muito embaraçoso que nunca voltamos aqui. Existia muita paixão aqui. Foi maravilhoso.

Revista Eletricidade: Em 2008 você fez a trilha sonora para o filme Smart People (com Ellen Page, Sarah Jessica Parker e Dennis Quaid). Você gosta de cinema? Compor trilha sonora é algo que você gosta de fazer?

Nuno: Eu não faço muito isso porque quando você está fazendo turnês, não dá, mas sempre recebo muitos convites. Eu gostaria de fazer mais, é legal! Para mim é fácil escrever uma música, criar toda a história e o visual, mas quando você tem um filme, você está adicionando algo a ele, porque ali já está o visual para olharmos e isso torna tudo ainda mais divertido e fácil.

Revista Eletricidade: Depois de “Saudades do Rock”, vocês tem planos de lançar um novo CD? Se sim…Você pode adiantar um pouco para a gente sobre esse novo trabalho?

Nuno: Planos para lançar um novo disco? Posso te dizer, mas depois teria que te matar! (risos) É difícil dizer alguma coisa porque ainda nem falei com a banda, mas estou trabalhando em algumas ideias diferentes.

NUNO BETTENCOURT – foto: ADRIANA CAMARGO

Nós fizemos “Saudades do Rock” que é um disco de rock, eu não quero fazer um disco igual a ele, ou igual a outro. Eu tenho essa ideia louca de fazer, não sei, ainda não tenho muito que possa dizer, mas é diferente.
Não será só um disco, será uma espécie de coleção de coisas diferentes… Você sabe, como o Extreme sempre teve diferentes influências e estilos em um só disco e ainda soava como uma banda de rock, bem, neste caso, podem existir músicas que faremos em que você não conseguirá nem nos reconhecer. Será muito diferente, terá rock, mas também outras coisas e será um pouco menos convencional.

Revista Eletricidade: Então eu acho que devo ficar com medo? (risos)

Nuno: – Você deve ficar com medo, definitivamente! (risos) Podemos até perder todos os fãs que nos restaram.

Revista Eletricidade: Fale um pouco da sua relação com Gary Cherone, parece que vocês têm uma parceria musical bem forte e com os outros membros do Extreme.

Nuno: Ele faz aquilo que eu mando (risos)… Mudou através dos anos, costumava ser dividido, música e letra. Eu escrevia a música e ele a letra, mas está bem diferente agora. Eu escrevo a letra e às vezes ele traz a melodia.
Não existe mais uma fórmula. Pode também ser tudo eu, ou tudo ele. Não faz mais diferença.


Revista Eletricidade: Cada vez mais os CDs físicos tendem a desaparecer e os lançamentos musicais estão se tornando digitais. Como você vê esta questão? O que você pensa da distribuição da música pela internet?

Nuno: Eu acho que a internet basicamente f*** tudo. E digo não por causa das vendas ou do dinheiro.
Eu acho que ela mudou tudo. Se você tem uma banda já conhecida, tudo bem porque as pessoas saberão onde te achar. Mas me sinto mal pelos artistas novos.
Eu acho que nos últimos 10/15 anos, estamos perdendo oportunidades para as novas bandas que nunca terão a chance de crescer. Porque de 25 gravadoras que existiam, sobraram só 5 grandes em um espaço de 15/20 anos.
E porque tem menos dinheiro no negócio, existe menos dinheiro para desenvolver novos artistas e dar a eles uma chance de fazer algo. O “American Idol” então se tornou o que é e as pessoas nem notam isso.
Em todo lugar, sempre tem alguém que canta bem, mas isso não significa que é um artista… Então se a norma é o “American Idol”, imagina se o Bob Dylan aparecesse por lá; cantaria duas frases e eles diriam que era o pior cantor que já ouviram na vida. Mick Jagger também não teria uma chance, nem David Bowie… Não acho que (a música) deva ser uma Olimpíada de vozes. Música é tudo, composição, criação… É um pouco triste que as coisas estejam assim e é preciso vencer um concurso para ser uma estrela.
Não é assim, em todos os lugares se pode descobrir novos artistas, mas me sinto mal pelos novos músicos.

Revista Eletricidade: Deixe uma mensagem em apenas uma palavra para os fãs brasileiros:

Nuno: Sexo! (risos)

 

Adriana/Valéria Maraviglia
@revistaeletricidade

 

 

Veja o vídeo do clássico do Extreme “More than Words”

 

 

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