A Garota Roubada: Quando o Suspense Vai Além do Óbvio
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Num mercado repleto de histórias sobre desaparecimentos misteriosos, A Garota Roubada (Disney+) consegue se destacar ao trocar a fórmula convencional por um jogo psicológico mais elaborado. Baseada no aclamado romance Playdate de Alex Dahl, esta minissérie de cinco capítulos, dirigida por Eva Husson (O Domingo das Mães) e com roteiro de Catherine Moulton (Baptiste), foca menos no “quem fez” e mais no “por que foi feito”, tecendo uma teia de segredos familiares e ambiguidades morais que mantêm o espectador intrigado até o fim.
Denise Gough (Andor) é Elisa Blix, uma mãe cujo mundo desaba quando sua filha, Lucia (Beatrice Campbell), desaparece após ir dormir na casa de uma nova coleguinha, enquanto Holliday Grainger (C.B. Strike), como a misteriosa Rebecca é uma personagem que não se encaixa em categorias simples de vilã ou vítima, mantendo o público em constante dúvida sobre suas reais intenções.
Jim Sturgess (Tempestade: Planeta em Fúria) também surpreende como Fred, o marido de Elisa, mostrando camadas de um homem aparentemente correto, mas com falhas éticas que se revelam aos poucos. Já Ambika Mod (Um Dia), no papel da jornalista Selma Desai, rouba cenas com seu estilo perspicaz e irônico, adicionando um toque de humor ácido à trama tensa.
Visualmente, a série circula por belos cenários – dos campos ensolarados do sul da França às ruas cinzentas de Londres – para criar um clima de suspense que vai além do óbvio. A direção de Husson opta por uma narrativa não linear, com revelações dos personagens acontecendo em doses precisas, evitando que o mistério se perca em explicações apressadas.
É claro que a trama não consegue fugir completamente dos clichês. Não se surpreenda se no meio do caminho já tiver uma boa ideia dos rumos da história, mas insista porque vale muito a pena continuar até o final.
Com a qualidade que se costuma esperar de uma série britânica, A Garota Roubada é uma ótima pedida para quem gosta de thrillers psicológicos bem construídos. Não chega a ser revolucionária, mas entrega um suspense inteligente, com personagens complexos e uma atmosfera de desconfiança que prende do começo ao fim.
Assista ao trailer de “A Garota Roubada”: