Hackney Diamonds: A Joia Musical dos Rolling Stones

Finalmente, depois de uma longa espera, o tão aguardado novo disco de inéditas dos Rolling Stones “Hackney Diamonds” está chegando às lojas e streamings nesta sexta-feira (20/10).

Anunciado no início de setembro em uma divertida live apresentada por Jimmy Fallon, em Londres, o novo trabalho é surpreendente para dizer o mínimo e tem suficiente qualidade musical em suas 12 faixas para entrar na lista de melhores álbuns da discografia dos Rolling Stones. 

E isso não significa pouco porque estamos falando de discos que merecem figurar na seletíssima lista de melhores álbuns da história.  

“Hackney Diamonds” chega 18 anos após o lançamento de “A Bigger Bang” e é o primeiro disco sem Charlie Watts, morto em 2021. 

E foi o próprio Charlie quem indicou Steve Jordan, baterista e produtor dos discos solo de Keith Richards,  como seu substituto. 

“Angry”, que abre o disco e foi lançada como primeiro single  é a faixa que tem mais a “cara” da banda, a voz de Jagger puxando um riff típico de Richards e uma letra “engraçadinha”, em que  pede  à namorada para não ficar brava, mas ele está indo embora. Quase no final, os versos “I’m still taking the pills, and I’m off to Brazil”, mostram que ele está disposto a ir bem longe. 

A seguir,  outro bom acréscimo ao catálogo, “Get Close” chega com outro riff de Keith puxando uma melodia que tem várias camadas sonoras construídas por guitarra elétrica, guitarra acústica,  percussão, baixo, bateria e o discreto piano de Elton John, até que o solo de  sax de James King traz de volta à memória o outro “irmão gêmeo” de Keith Richards: Bob Keys. 

O clima muda e “Depending on You”  tem  aquele som country que já deu em clássicos como “Sweet Virginia” e “Wild Horses”. 

A letra revela  que Jagger anda refletindo sobre velhos amores e a passagem do tempo:  “Now I’m too young to die and too old to loose” (Agora, sou jovem demais pra morrer e velho demais pra perder) 

Nestas primeiras três canções chama atenção o nome do produtor Andy Watt assinando a composição junto com Jagger e Richards. 

Apresentado a Jagger por Paul McCartney, o produtor que revitalizou Ozzy Osbourne, Iggy Pop e  Elton John foi escolhido para ajudar os Stones a fazer um disco que soasse moderno e que os obrigasse a cumprir um prazo curto, auto-imposto para  sair do estúdio com o disco de inéditas que eles estavam  tentando gravar há pelo menos 7 anos.

Em 2016, a banda entrou  no estúdio com este propósito e saiu dele com “Blue & Lonesome”, um disco maravilhoso de regravações de blues que leva o público a uma viagem pela sua pré-história, quando viviam juntos, em um apartamento em Chelsea, um bairro  do sudoeste londrino,  e passavam seus dias tentando copiar o som de velhos discos importados dos EUA. 

Paul McCartney em um baixo Hoffner  diabolicamente distorcido é a maior razão para ouvir “Bite My Head Off”, a faixa mais pesada de “Hackney Diamonds”,  em que os rapazes brincam de ser punks. Sonzeira pura e um dos momentos mais surpreendentes do disco. 

“Whole Wide World”  ficou parecendo com o trabalho solo de Mick Jagger, algo previsìvel jà que há muito tempo Mick e Keith não se sentam mais juntos para compor.  

Hoje em dia, os dois vivem em continentes diferentes e cada um traz para a banda seu próprio conjunto de músicas que são complementadas em maior ou menor grau pelo velho parceiro.

O country é visitado novamente em  “Dreamy Skies”, um mergulho ainda mais profundo e melancólico na vibe reflexiva que permeia as novas canções. 

Entre as muitas faixas gravadas ao longo dos últimos anos, os Stones tinham em mãos mais de 100 músicas ou ideias musicais não finalizadas. 

Duas em especial já tinham a bateria de Charlie Watts gravada, a dançante e cheia de suingue “Mess It Up” e também “Live By the Sword”, que recebeu como “acabamento” o baixo de Bill Wyman, membro original dos Stones até 1993. 

“Driving Me Too Hard” tem as guitarras de Keith Richards  e Ronnie Wood lindamente entrelaçadas naquele diálogo que só os dois conseguem fazer. 

Seguindo uma tradição que nasceu em 1967, no disco “Between the Buttons”, a faixa cantada por Keith Richards desta vez é “Tell Me Straight”, uma balada lenta que soa arrepiante e tem Mick Jagger fazendo os backing vocals. 

Com uma sólida coleção de hits, mas também de obras-primas,  entre as muitas canções gravadas em seus 61 anos de história,  os Rolling Stones tem no catálogo “Gimme Shelter”, “Shine a Light” e “You Can’t Always Get What You Want”, entre outras.

Em “Hackney Diamonds”, a banda conseguiu mais uma vez chegar ao  sublime: “Sweet Sounds of Heaven” com Stevie Wonder no piano e Lady Gaga nos vocais é uma  música de temática gospel que  emociona à primeira audição. 

Fechando o disco, “Rolling Stone Blues”, a música de Muddy Waters que deu nome à banda, em 1962, chega com Mick na voz e gaita, frente-a-frente com Keith empunhando  uma guitarra acústica original da década de 30. A única faixa gravada em fita neste disco convida a olhar, 61 anos depois, para os primeiros passos de uma trajetória brilhante. 

Variado e precioso, “Hackney Diamonds” nos lembra como e porque os Rolling Stones continuam sendo A Maior Banda de Rock de Todos os Tempos e ainda oferece uma prova concreta de que não existe uma idade limite para se fazer rock.  

Adriana Maraviglia

@revistaeletricidade

Ouça agora “Hackney Diamonds” no Spotify:

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