Xande coloca a poesia de Caetano para sambar
|Na última sexta-feira (04/08), o cantor Xande de Pilares lançou seu novo trabalho “Xande Canta Caetano”, um disco em que reinterpreta canções de Caetano Veloso e as aproxima de seu universo pagodeiro.
Com arranjos de Pretinho da Serrinha, o disco foi gravado em 2021, em plena pandemia, mas só agora chega às mãos do público, via streamings de música.
Como compositor, Caetano Veloso tem uma obra cheia de brasilidade e poesia.
É um tipo de música que nos últimos 58 anos sempre esteve ali, cheia de poesia, significativa e convidativa ela facilmente seduz artistas de todas as vertentes a buscarem novos ângulos para reapresentá-la a novos públicos.
Foi isso o que Xande fez, neste seu terceiro álbum solo de estúdio, trouxe a música de Caetano para perto do samba que é e sempre foi o seu território natural desde seu trabalho com o grupo Revelação.
Escolhendo para isso músicas que ressoam com sua própria trajetória de vida.
Abrindo o disco com “Muito Romântico”, Xande apresenta para seu público músicas muito conhecidas como “Luz do Sol” e “Tigresa”, mas também algumas que nem lembramos de associar a Caetano como “Diamante Verdadeiro”, gravada por Maria Bethânia no disco “Álibi” e “O Amor”, uma adaptação de um poema de Mayakovsky, que fez muito sucesso na voz de Gal Costa.
Com o auxílio luxuoso de Hamilton de Holanda, Xande faz de “Qualquer Coisa” o melhor momento do disco.
Em “Trilhos Urbanos”, outra surpresa, “Retirantes”, de Dorival Caymmi, que ficou conhecida na trilha sonora da novela Escrava Isaura (1975), entra como música incidental adicionando novas nuances à canção que evoca na letra antigas memórias de Caetano, ligadas à Santo Amaro da Purificação.
Com uma alta repercussão na mídia e também nas redes sociais desde que foi publicado um vídeo de Caetano chorando ao ouvir a gravação da faixa “Gente”, “Xande Canta Caetano” é um belo trabalho que pode trazer a atenção de novos públicos para a obra de Caetano Veloso.
O que, levando em conta a qualidade e a importância dessa obra, não é pouca coisa.
Adriana Maraviglia