Nostalgia dos Anos 90 e Robôs Gigantes: “The Electric State” acerta no visual, mas erra nas emoções

Electric State – foto: Reprodução

“The Electric State”, o mais recente lançamento da Netflix, chegou com o título de filme mais caro da história do streaming, com seu custo astronômico de 320 milhões de dólares gerando enormes expectativas.

Baseado na graphic novel de Simon Stålenhag, o longa prometia uma experiência visualmente deslumbrante e uma narrativa que mistura nostalgia dos anos 90 com uma distopia futurista. No entanto, apesar de entregar um espetáculo visual impressionante, o filme peca ao negligenciar a construção dos personagens, deixando o espectador com uma sensação de desconexão emocional.

A história se passa em um universo alternativo dos anos 90, onde robôs, outrora criados por Walt Disney, se rebelaram contra a humanidade e foram derrotados, relegados a uma “Zona de Exclusão”. A trama segue Michelle (Millie Bobby Brown), uma jovem que embarca em uma jornada para encontrar seu irmão desaparecido, acompanhada por um robô e um contrabandista interpretado por Chris Pratt. A ambientação é um dos pontos altos do filme, com cenários que misturam tecnologia avançada e elementos retro, criando uma estética retrofuturista que evoca nostalgia e ao mesmo tempo parece familiarmente distópica.

Visualmente, “The Electric State” é deslumbrante. A direção de arte e os efeitos especiais são impecáveis, com robôs gigantes e cenários pós-apocalípticos que capturam a essência da obra original de Stålenhag. As ruínas de um mundo pré-guerra, cheias de detalhes nostálgicos, são fascinantes, transportando o espectador para um universo que parece ao mesmo tempo passado e futuro. A trilha sonora, repleta de referências aos anos 90, complementa a atmosfera e parece dobrar a aposta da produção. 

No entanto, por trás dessa fachada visualmente deslumbrante, a construção dos personagens é superficial, com diálogos genéricos e arcos emocionais pouco desenvolvidos. Millie Bobby Brown, apesar de entregar uma performance sólida, não consegue salvar Michelle da falta de profundidade. Chris Pratt, por sua vez,  parece reviver Peter Quill, seu personagem na franquia “Guardiões da Galáxia”, sem trazer nada de novo. Até mesmo os robôs, que tinham tudo para brilhar em cena parecem uma mera figuração exótica, sem muito o que fazer em cena. 

Um dos aspectos mais interessantes da graphic novel original é sua crítica à sociedade contemporânea, especialmente ao nosso crescente distanciamento do contato humano real em favor da vida digital. O filme tenta abordar essa temática, mostrando um mundo onde as pessoas estão constantemente conectadas a realidades virtuais, mas falha em aprofundar as críticas. A mensagem acaba diluída em meio a cenas de ação e efeitos especiais, perdendo o impacto que poderia ter.

Em suma, apesar de ter custado tão caro, “The Electric State” se limita a ser apenas entretenimento visual, sem maiores pretensões além de oferecer belas cenas para serem apreciadas.  A nostalgia dos anos 90 e a estética retrofuturista são pontos fortes, mas a superficialidade impedem que ele se torne uma experiência memorável. Para quem quer distração no final de semana, basta preparar um grande balde de pipoca, encher o copo de refrigerante e ficar diante da tela de TV. 

Para quem já conhecia a obra deslumbrante de Stålenhag, ou até mesmo para quem vibrou nos cinemas com “Vingadores: Ultimato” (2019), o resultado é decepcionante. No final, “The Electric State” acaba sendo mais um exemplo de como o cinema pode se perder quando prioriza somente o espetáculo.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Electric State”:

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