Do Folk à Lenda: A Ascensão de Bob Dylan em “Um Completo Desconhecido”

Um Completo Desconhecido – foto: Dilvulgação

Recém-chegado às salas de cinema brasileiras, o filme “Um Completo Desconhecido” oferece ao público um olhar íntimo e envolvente sobre os primeiros anos da carreira do icônico Bob Dylan em Nova York. Com uma narrativa que mistura música, história e paixão, o longa-metragem captura não apenas a essência do artista, mas também o espírito de uma época.

No centro da trama está a magistral interpretação de Timothée Chalamet, que dá vida ao jovem Dylan em sua chegada à Big Apple em 1961, aos 19 anos, vindo de Minnesota. Sonhando em seguir os passos de seus ídolos, os lendários músicos folk Lead Belly e Woody Guthrie (interpretado por Scott McNairy), Dylan busca pelo próprio espaço dentro da cena musical.
O filme retrata o momento em que o artista, ainda desconhecido, vai ao encontro de Guthrie, hospitalizado por uma doença degenerativa, para mostrar uma música que compôs em sua homenagem. É nesse encontro que ele conhece Pete Seeger (Edward Norton), figura crucial que se interessa por seu trabalho e abre as portas do mundo folk para o jovem talento.

Dirigido por James Mangold, conhecido pelo aclamado “Johnny & June” (2005), o filme é uma adaptação do livro “Dylan Goes Electric!”, de Elijah Wald. O roteiro não se limita a contar a história de Dylan; ele mergulha no clima cultural e político da Nova York dos anos 60, um período de efervescência artística e transformações sociais. A Guerra Fria, o escândalo da Baía dos Porcos, a assassinato de John Kennedy, os movimentos pelos Direitos Civis e a Contracultura formam o pano de fundo para a jornada do artista, que começa a explorar novos caminhos musicais e ideológicos.

Além de retratar o talento e a ambição de Dylan, o filme também explora suas relações pessoais. Suze Rotolo, a namorada que estampa a capa do álbum “The Freewheelin'” (1963), aparece no filme como Sylvie Russo (Elle Fanning), uma personagem inspirada nela, mas com nuances ficcionais sugeridas pelo próprio Dylan para preservar a privacidade da figura real. Outro destaque é Joan Baez, interpretada de forma brilhante por Monica Barbaro, que retrata a relação intensa e turbulenta entre os dois artistas, unidos pela música de protesto e pela consciência social que marcou a época.

Mangold, com sua habilidade em retratar histórias musicais, nos leva pela evolução de Dylan até o lançamento do aclamado “Highway 61 Revisited” (1965), um marco em sua carreira. O filme não apenas homenageia um dos maiores gênios da música norte-americana, mas também busca apresentar sua poesia e legado às novas gerações. Afinal, Dylan não é apenas um ícone musical; é um artista premiado com o Pulitzer e o Nobel de Literatura por canções que continuam a ecoar como obras-primas atemporais.

Espero ainda mais; que consiga levar a poesia de Bob Dylan de volta às paradas de sucesso dos streamings, substituindo, ainda que temporariamente, as coisas que  costumam frequentá-las. Seria lindo ver uma nova geração descobrindo um gênio de verdade, pra variar. 

Em tempo: “Um Completo Desconhecido” foi indicado a 8 Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor (James Mangold), Melhor Ator (Thimothée Chalamet), Melhor Atriz Coadjuvante (Monica Barbaro), Melhor Ator Coadjuvante (Edward Norton), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino e Melhor Som. 

Em tempo 2: As vozes que você ouve nas músicas de “Um Completo Desconhecido” são dos próprios atores. Thimotheé Chalamet passou os últimos 5 anos aprendendo a cantar e tocar para gravar as performances que estão no álbum da Trilha Sonora do filme. 

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Um Completo Desconhecido”:

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