“Dia Zero”: Uma série que tinha tudo para ser imperdível, mas que falha em entregar o que promete

Dia Zero – foto: Divulgação

No papel, Dia Zero parece ser a série perfeita para os tempos atuais: um thriller político repleto de questões urgentes, como ataques cibernéticos, fake news, polarização e a fragilidade das democracias modernas. Com um elenco estelar que inclui Robert De Niro, Angela Bassett e Jesse Plemons, além de uma premissa que mistura conspiração, tecnologia e tensão geopolítica, a nova atração da Netflix tinha todos os ingredientes para ser um sucesso estrondoso. No entanto, apesar de seu potencial, a série não consegue entregar tudo o que promete, deixando o espectador com a sensação de que poderia ter sido muito mais.

A trama gira em torno de George Mullen (Robert De Niro), um ex-presidente carismático e respeitado que é convocado pela atual mandatária da Casa Branca, Evelyn Mitchell (Angela Bassett), para liderar a investigação de um catastrófico ataque cibernético. O ataque, que causa mortes e coloca o país em estado de alerta máximo, serve como pano de fundo para explorar a vulnerabilidade da sociedade moderna, onde tudo — desde o transporte e a energia até as comunicações e o sistema financeiro — depende de computadores e da internet. A série acerta ao trazer à tona questões extremamente relevantes, como a facilidade com que a desinformação e o discurso de ódio podem ser manipulados para alimentar o caos e a desconfiança nas instituições.

Apesar de sua premissa provocativa e atual, Dia Zero peca ao tentar abraçar mais do que consegue segurar. A narrativa, repleta de teorias da conspiração e subtramas políticas, muitas vezes se perde em meio a tantas ideias, deixando o espectador confuso e desengajado. Em vários momentos, a série parece mais um amontoado de preocupações contemporâneas do que uma história coesa e bem estruturada. É como se os criadores quisessem discutir todos os problemas do mundo em apenas seis episódios, resultando em uma abordagem superficial que não aprofunda nenhum deles de maneira satisfatória.

O elenco, por outro lado, é um dos pontos altos da produção. Robert De Niro, como sempre, entrega uma performance sólida, trazendo peso e credibilidade ao papel de Mullen. Angela Bassett também brilha como a presidente Mitchell, embora seu personagem não receba o desenvolvimento que mereceria. Jesse Plemons também dá um show mesmo com todas as ambiguidades do seu personagem. 

Ainda assim, Dia Zero não deixa de ser um alerta importante sobre os perigos do mundo hiperconectado em que vivemos. A série consegue, em alguns momentos, ilustrar de maneira eficaz como a dependência da tecnologia pode se tornar uma arma perigosa nas mãos erradas. Além disso, ao abordar temas como a manipulação das redes sociais e a disseminação de notícias falsas, ela levanta questões pertinentes sobre o papel da informação na sociedade contemporânea. Se a série falha em aprofundar essas discussões, pelo menos consegue colocá-las em evidência, o que já é um mérito.

No fim das contas, Dia Zero é uma série que desperdiça parte de seu potencial, mas ainda assim consegue ser relevante. Ela pode não ser a obra-prima que esperávamos, mas serve como um lembrete oportuno dos desafios que enfrentamos em um mundo cada vez mais digital e dividido. Para quem está disposto a encarar suas falhas, a série pode valer a pena — não tanto pelo que ela é, mas pelo que ela tenta ser.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Dia Zero”:

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