Arte e Resistência: A Narrativa Impactante de ‘O Brutalista’

O Brutalista – foto: Divulgação

Um dos filmes mais importantes desta temporada de premiações do cinema chegou nesta quinta-feira (20/02) aos cinemas brasileiros, com jeitão de cinebiografia, “O Brutalista” é uma ficção ambiciosa e surpreendente.

O diretor Brady Corbet conta a história de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto judeu húngaro, que chega em Nova York, em 1947, depois de passar todo o terror da Segunda Guerra e já nessas primeiras cenas deixa claro que estamos vendo um espetáculo visualmente diferenciado.

Em uma cena antológica, a estátua da liberdade aparece de ponta-cabeça, do ponto de vista do personagem que naquele momento está lutando para sair dos porões do navio junto com uma multidão de imigrantes, uma espécie de presságio visual de que as coisas na América podem estar longe de ser como ele espera.

Attila (Alessandro Nivola), um primo que chegou alguns anos antes, oferece abrigo e trabalho em uma loja de móveis, na Pensilvânia, onde uma oportunidade de voltar à arquitetura surge junto com Harry (Joe Alwyn), um jovem cliente que quer reformar a biblioteca/escritório da mansão da família, como uma surpresa para o pai milionário. 

O estilo moderno demais de László desagrada o tal cliente e o arquiteto se vê literalmente no olho da rua  até que o tal milionário, Harrison Van Buren (Guy Pierce), um poço sem fundo de ego, descobre o tamanho e a importância do artista que tinha em mãos e decide contratá-lo para um projeto grandioso.

E grandioso é um adjetivo que fica pairando sobre os espectadores graças a fotografia pra lá de inspirada de Lol Crawley, em Vistavision, um recurso que marcou clássicos de cinema e aqui é usado para dar aquele extra de qualidade visual a cada cena.

O filme é um espetáculo visual que vai buscar no som o seu contexto histórico tanto nas músicas da época, quanto em transmissões de rádio e TV que vão pontuando aqui e ali a passagem de tempo. Enquanto a trilha sonora consegue ser ao mesmo tempo minimalista e inquietante.

Com mais de 3 horas de duração, o filme se divide em duas partes distintas, separadas por um intervalo de 15 minutos e, na segunda parte, o público é apresentado a Erzsébet (Felicity Jones), de quem László foi separado pela Guerra.

O trabalho dos atores merece um capítulo aparte, especialmente Adrien Brody  se entrega de corpo e alma para construir um László que parece estar tentando curar as feridas no local que escolheu como abrigo depois de tudo que passou na Segunda Guerra, mas que a todo tempo é lembrado que, como na Europa tomada pelo Nazismo, a América que o acolheu também é preconceituosa e atrasada. 

Sem revelar muito sobre a história de “O Brutalista”, o filme carrega o espectador para testemunhar essa biografia ficcional, que segundo Brady Corbet funciona como uma homenagem a muitos artistas perdidos pelos horrores do Nazifascismo. E chega em um momento em que o mundo parece estar um pouco esquecido desses horrores. Esta obra deslumbrante faz muito bem de nos lembrar.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “O Brutalista”:

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