Setembro 5: A Tensão por Trás das Câmeras no Ataque de Munique
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Chegando aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30/01), “Setembro 5” conta mais uma vez o episódio traumático do ataque terrorista nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. Mas desta vez, a partir de um novo ponto de vista: o dos jornalistas de esportes que cobriam ao vivo o evento para a emissora estadunidense ABC.
O diretor suíço Tim Fehlbaum constrói sua história a partir de um roteiro escrito por ele mesmo com a ajuda de Moritz Binder e Alex David, contando com a consultoria do jornalista Geoffrey S. Mason, uma testemunha ocular da história real e que aparece como personagem interpretado por John Magaro.
O resultado é uma narrativa tensa e detalhada sobre um dia terrível que ficaria marcado para sempre na história das Olimpíadas e não por acaso já tem chamado atenção na temporada de prêmios e mereceu a indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original.
Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972 em Munique, na Alemanha, uma equipe americana de transmissão esportiva precisa se adaptar para a cobertura ao vivo de um grupo atletas israelenses feitos reféns pelo grupo terrorista Setembro Negro.
O filme foi rodado quase inteiramente dentro do estúdio e conta com um design de produção que recriou com perfeição as instalações da emissora de TV e também cada uma das dificuldades envolvidas em uma transmissão ao vivo da época, do tempo limitado para o uso do satélite à forma de adicionar legendas na transmissão. Tudo muito analógico, quase “artesanal”. Tudo muito tenso.
Ao mesmo tempo, o bom trabalho dos atores consegue entregar na medida o trabalho da equipe de jornalistas naquela situação, com destaque para Peter Sasgaard como Roone Arledge, o chefe da equipe de transmissão, o próprio John Magaro e a maravilhosa Leonie Benesch, como a tradutora de alemão Marianne Gebhardt, e única pessoa capaz de entender o que está acontecendo do lado de fora daquele estúdio.
“Setembro 5” é um filme tenso que nas entrelinhas traz toda a questão ética sobre um jornalismo preocupado principalmente com o “furo” que está sendo transmitido e muitas vezes deixa de considerar o quanto está atrapalhando o trabalho de quem poderia simplesmente acabar com aquela situação terrível.
Para quem é jornalista, “Setembro 5” chega a ser um filme obrigatório, além do interesse de conferir de perto como as coisas eram feitas, com os poucos recursos tecnológicos, também dá para refletir sobre os erros e acertos de uma equipe de esportes, diante do maior furo de “hard news” da época e sem nenhum tempo extra para pensar em nada além de manter no ar aquela história.
Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade
Assista ao trailer de “Setembro 5”: