Golpe de Sorte em Paris: a despedida de Woody Allen

Sem muito barulho, chegou aos cinemas brasileiros “Um Golpe de Sorte em Paris”, o 50° e provavelmente último trabalho de um cineasta genial que marcou a história da sétima arte com um estilo muito proprio, dando ao mundo uma coleção de filmes encantadores.

Aos 88 anos, neste novo trabalho, Woody Allen assume novos desafios após ter sido colocado em um limbo de Hollywood por acusações de abuso da ex, Mia Farrow, e da filha Dylan Farrow.

Filmando na Europa há mais de uma década, nesta nova produção, ele dá outro passo para distanciar-se ainda mais do cinema norte-americano, escalando um elenco totalmente francês e sem as grandes estrelas de outrora, o filme traz atores conhecidos do Cinema Francês.

Com um roteiro totalmente em francês, língua que Allen não domina, o filme conta como o reencontro casual de Fanny (Lou de Laâge) e Alain (Niels Schneider), dois antigos colegas de escola, se transforma primeiro em infidelidade conjugal e depois em crime.

Pleno de suspense e reviravoltas, o filme traz cada um dos maneirismos do diretor: não podiam faltar as tiradas filosóficas sobre a vida, a sorte e o destino.

Ideias que desta vez não se concentram em apenas um personagem, mas estão dispersas pelas falas de diversos deles, enquanto a trama também serve como plataforma para pesadas críticas sociais, em um retrato fiel e quase sem retoques de uma elite que navega entre o fútil e o vil.

“Golpe de Sorte em Paris” não reinventa nada, que Allen já não tenha feito em seus 58 anos de carreira como diretor e ele não tem nenhum problema em sacar novamente de sua velha “maleta de truques” aspectos que já vimos antes no roteiro do ótimo “Match Point” (2005).

Como sempre a fotografia belíssima do veterano Vittorio Storaro não se perde na tentação dos muitos cartões postais da cidade, priorizando um olhar mais objetivo sobre o estilo de vida dos personagens e a encantadora trilha sonora de cool jazz que parece embalar tudo em seda pura.

Mesmo considerando que a filmografia mais recente de Woody Allen talvez tenha tido bem poucos destaques nos anos mais recentes e o último filme realmente bom do cineasta seja “Meia Noite em Paris” (2011), “Golpe de Sorte em Paris” é uma despedida em alto nível que seu público merecia.

Adriana Maraviglia

@revistaeletricidade

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