A Substância: Uma Viagem Sombria pelo Mundo do Entretenimento
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Chegando aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19/09), “A Substância” é um daqueles filmes impossíveis de ignorar. Quem assiste, quase sempre irá para um sentimento extremo da repulsa à admiração.
A diretora e roteirista Coralie Fargeat traz para a tela uma fábula corajosa sobre a forma como o mundo do entretenimento ainda muito machista e superficial lida com a mulher, que tal qual um produto qualquer, continua sendo exposta nas “prateleiras da mídia”, até que seu suposto “prazo de validade” vença e ela precise ser trocada por alguém mais jovem.
Elisabeth Sparkle (Demi Moore) apresenta um programa de ginástica na TV até que, ao completar 50 anos de idade, acaba demitida por seu chefe Harvey (Dennis Quaid) e, desesperada, decide aceitar a oferta de um laboratório misterioso para usar uma droga experimental que promete transformá-la em uma versão melhor.
É aí que o tal horror corporal, citado em todos os textos sobre este filme, inicia. Com ecos de “Mosca”(1986), de Cronenberg e “O Homem Elefante” (1980), de David Lynch, Elisabeth passa por uma transformação bizarra que a divide em duas, quando Sue (Margaret Qualley), sua versão mais jovem, literalmente sai de dentro dela, em uma cena bastante gráfica, e passa a buscar ocupar os espaços que ela ocupava anteriormente na mídia.
Para a tal substância funcionar, as duas versões de Elizabeth devem seguir uma série de regras que as obrigam a dividir o mesmo espaço e as horas do dia.
Tenso e surpreendente, “A Substância” quer fazer pensar sobre o mundo de superficialidades em que ainda estamos vivendo através do choque e da repulsa. Até que é divertido, mas passado o choque, não deixa muito mais do que isso.
Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade
Assista ao trailer de “A Substância”: