“Sílvio”, a cinebiografia que ninguém pediu (mas que todos vão ver)
|Chegando nesta quinta-feira (12/09) aos cinemas um dos filmes brasileiros mais aguardados deste ano: “Sílvio” se propõe a contar a história do maior comunicador do país a partir de um de seus episódios mais dramáticos.
Antes de qualquer coisa será preciso voltar um pouco no tempo, ao início de abril, quando as primeiras imagens do longa, dirigido por Marcelo Antunez, começaram a circular na rede, em fotos e trailers gerando a sensação de que estávamos prestes a ver um “desastre”.
Imediatamente apareceram os memes e comentários sobre a caracterização de Rodrigo Faro, no papel do apresentador em 2001, época em que aconteceu o sequestro da filha, Patrícia Abravanel (Polliana Aleixo) e, posteriormente, a invasão da casa de Silvio Santos por Fernando Dutra Pinto (Johnnas Oliva), um dos sequestradores de Patrícia.
Com a morte do apresentador, em meados de agosto, todas as piadas perderam um pouco a graça, e o filme, que já tinha uma data de estreia programada para 12 de setembro, ganhou ainda mais expectativas. De “curiosidade” sobre um personagem popular para homenagem a um grande ícone da TV que fez parte da vida de todo um país por mais de 60 anos.
Mas como homenagem, infelizmente, o filme na tela conseguiu apenas reforçar a ideia de desastre.
O trabalho de maquiagem e cabelo feito para transformar Rodrigo Faro grita na tela grande e anula qualquer sutileza interpretativa do ator, que, se esforça bastante, mas não consegue se distanciar da caricatura.
Ao seu lado, o bandido que Johnnas interpreta faz transparecer o esforço do ator para dar alguma credibilidade a um texto esquisitão, com direito a constragedoras frases de efeito que não convenceriam nem na boca do coach mais charlatão, quanto mais vindas de um homem rico e poderoso diante do marginal armado que está colocando sua vida em risco.
O diretor Antunez, que já tem no curriculo o canhestro e falacioso “Policia Federal: A Lei é Para Todos”, feito de carona na não menos falaciosa Operação Lava-Jato, opta por novamente se distanciar (e muito!) da realidade de quem tenta retratar.
Uma pena! O público, que certamente vai lotar as salas de cinema, merecia um filme muito melhor.
Adriana Maraviglia