Meu Nome é Gal: os primeiros passos de um ícone

Em cartaz, nos cinemas desde o dia 12/10, “Meu Nome é Gal” busca retratar os primeiros passos da cantora Gal Costa na sua carreira musical. 

Com recortes temporais diversos, o roteiro acerta ao contextualizar a situação política do país que atravessava os primeiros anos de trevas da tenebrosa ditadura militar em um de seus momentos mais violentos, no final da década de 60 e início da de 70. 

Com Sophie Charlotte encarando o desafio de interpretar as músicas de Gal Costa, o público tem a chance de assistir a sua evolução como artista, desde que chega ao Rio de Janeiro, vinda da Bahia, como Maria da Graça, uma menina tímida e ainda sob a proteção de Caetano Veloso (Rodrigo Lelis), Dedé Gadelha (Camila Márdila) e Gilberto Gil (Dan Ferreira). 

A direção de arte e figurino levam ao público a beleza multicolorida da estética hippie, naquela comunidade de artistas e intelectuais que buscavam a liberdade e recebiam as influências do rock internacional, como o uso de guitarras elétricas e a ousadia de misturar as sonoridades pop e rock do momento com as riquíssimas raízes nordestinas. 

As diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi optam por não trazer muita profundidade aos muitos personagens de um movimento importantíssimo que acontecia naquele ambiente e do qual Gal teve uma participação direta: o Tropicalismo.

No filme, toda aquela efervescência não vai muito além de nomes sendo citados e passando rapidamente pela tela, sem qualquer detalhe. 

O que é um desperdicio, já que seria muito interessante ver na tela o nascimento de um dos discos mais importantes da música brasileira, o “Tropicália: ou Panis et Circencis”, de 1968. 

A recriação dos registros em filmes caseiros é um detalhe interessante de uma obra que muitas vezes fica parecendo uma mera sequência genérica de clipes musicais na tentativa de retratar  momentos históricos para a nossa MPB. 

Sem entregar muito, dá para dizer que a virada de chave na carreira de Gal, quando ela renasce como artista no palco de um festival, Sophie Charlotte cria a melhor sequência de um filme que parece buscar muito mais funcionar como uma homenagem, deixando de lado tudo o que poderia parecer controverso. 

É óbvio que 57 anos de carreira são dificeis de resumir em meras duas horas de uma cinebiografia, mas a história de Gal Costa, que era uma artista gigante e que ilumina a tela com sua presença, em uma emocionante aparição surpresa, já no final do filme, tinha muito mais a oferecer. 

 

Adriana Maraviglia

@revistaeletricidade

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