Assassinos da Lua das Flores: Scorsese faz um true crime épico
|Contando uma história real e devastadora “Assassinos da Lua das Flores”, do diretor Martin Scorsese chegou nesta quinta-feira (19/10) aos cinemas.
Baseado no livro reportagem de David Grann, o filme traz para as telas a tragédia que se abateu sobre o povo Osage, na década de 1920, depois de terem encontrado petróleo em suas terras.
Quando diversos assassinatos brutais passam a ocorrer em Fairfax, Oklahoma, na região da reverva indìgena Osage, o governo federal decide enviar uma equipe de investigadores formada por J. Edgar Hoover, na primeira missão do que futuramente seria conhecido como FBI.
Sem a intenção de revelar nenhum spoiler, “Assassinos da Lua das Flores” se inspira na estética dos velhos faroestes para recriar nas telas o ambiente opressivo e tóxico em que os indígenas se tornaram alvo.
Mas o faroeste que é criado aqui tem o rigor técnico de grande obra de arte, assim, da fotografia de Rodrigo Prieto ao roteiro adaptado por Eric Roth e pelo próprio Scorsese, da direção de arte à trilha sonora de Robbie Robertson, velho colaborador de Scorsese que faleceu recentemente, tudo é de encher os olhos, especialmente o elenco.
Um dos grandes prazeres de testemunhar esta história terrível de racismo e ganância sem limites é poder vê-la sendo construída por seu trio central de personagens: Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), William Hale (Robert De Niro) e Mollie Burkhart (Lily Gladstone).
A situação, muitas vezes desesperadora que Ernest e Mollie vivem é o lado humano que serve de contraste a monstruosidade e frieza de sociopata de William Hale e até a naturalidade com que aquela comunidade aceita o que acontece, enfim, tudo nesta história de “true crime” tem um interesse humano imenso, ainda mais no momento delicado em que o mundo vive, com outra guerra em que racismo e fanatismo religioso ameaçam populações inteiras.
Um filme tão perfeito em que até o epílogo, aquele momento em que se fornece informações sobre o destino dos personagens após os eventos mostrados, foi feito de um jeito muito especial, criativo e com a presença do diretor, que diferente de Alfred Hitchcock, tem falas.
“Assassinos da Lua das Flores” coloca Martin Scorsese como um dos maiores de sua arte e novamente o diretor prova que sabe tudo de cinema com uma obra épica e grandiosa que leva o público a testemunhar o massacre de um povo e sua cultura em uma fascinante e assustadora experiência imersiva de quase 3h30 de duração. Imperdível!
Adriana Maraviglia