Best of Blues and Rock 2023 – parte 2
|O segundo dia de apresentações do Best of Blues and Rock, no sábado, 03/06, trouxe ao palco duas lendas da música; o guitarrista Steve Vai e o bluesman Buddy Guy.
Abrindo mais um dia de música, ainda sob o sol forte e um céu muito azul e sem nuvens, o hardcore da banda Dead Fish já dava pistas sobre as fortes emoções que estavam à caminho.
Formada por Rodrigo Lima (vocal), Marcos Melloni (bateria), Ricardo Mastria (guitarra) e Igor Tsurumaki (baixo), a banda já tem 30 anos de carreira.
A banda não se furta a fazer comentários políticos em seu show e, como Tom Morello, tem um forte e neste momento mais do que necessário discurso antifascista.
Em um dia bonito que pedia um bom relaxamento no verde do parque, o público pode entrar no clima e relaxar nas mesas e cadeiras da área de alimentação, no fundo da pista, entre um show e outro.
O guitarrista cearense, Artur Menezes, que já tinha participado do festival em 2017, retorna ao Best of Blues and Rock com uma setlist que mistura rock e blues.
Acompanhado por Fernando Rosa (baixo) e Cuca Teixeira (bateria), o guitarrista que vive em Los Angeles e já tem 4 álbuns gravados foi eleito, em 2018, o Melhor Guitarrista no 34° International Blues Challenge.
Com uma pegada de blues, mas também com muito soul e r&b no repertório, a The Nu Blu Band, tem Carlise Guy, filha de Buddy Guy nos vocais, Mark Maddox, na guitarra e Dan Henley na bateria, Dave Holloway, nos teclados, JR Fuller, no baixo e Kenyatta Gaines, backing vocal.
A qualidade do som da banda deixa o público empolgado, também pudera, a Nu Blu Band costuma se apresentar no Buddy Guy’s Legends, o clube de blues que é propriedade do músico, em Chicago e vez ou outra tem o próprio Mestre como convidado.
A banda colocou o público do Ibirapuera pra dançar ao som de alguns clássicos como “I’ll be Around” e “Sex Machine”, de James Brown.
Um dos maiores guitarristas do mundo veio a seguir, com 45 anos de carreira na música, Steve Vai continua sendo também um dos mais influentes.
A passagem por São Paulo para o Best of Blues and Rock faz parte da “Inviolate Tour”, a turnê mundial de divulgação do décimo disco de estúdio do artista, lançado em 2022.
As músicas do disco dominam o repertório, abrindo o show com “Avalancha”, o guitarrista não demora muito a mostrar a que veio. Extremamente talentoso, além de muito carismático, ele atrai todos os olhares do público.
Vai é acompanhado em cena por uma banda formada por Dave Weiner (guitarra e teclados), Philip Bynoe (baixo) e Jeremy Colson (bateria) e faz um show em que também existe espaço para velhos sucessos como “Tender Surrender” e “Bad Horsie” que levantou o público do Festival ao mostrar no telão cenas do filme “A Encruzilhada” (1986).
Mas o público queria também ver pessoalmente a famosa Hydra, um instrumento criado pela Ibanez especialmente para Vai, que ganhou este nome porque, como o monstro mítico, tem várias “cabeças”, são duas guitarras uma de 7 cordas, outra de 12, um baixo, um sintetizador e, segundo o próprio músico disse na coletiva de imprensa, um pouco antes do show, até é capaz de “contar histórias, na hora de dormir”.
O músico ainda contou aos jornalistas que pagou 56 mil dólares (em torno de 274 mil reais), somente para transportar o instrumento até o Brasil para o show.
Então, na música “Teeth of the Hydra”, Vai mostra toda a versatilidade do instrumento e deixa o público boquiaberto.
Mas a maior surpresa da noite foi o momento em que Dano G, um dos roadies da banda do músico subiu ao palco anunciado por Steve Vai.
E o maior sucesso da carreira do guitarrista, a épica “For The Love of God” chega transformada em Ópera com a ajuda do vozeirão surpreendente de Dano cantando com uma letra em italiano “Per L’Amore Di Dio”, a canção que é puramente instrumental em sua versão original e emocionando o público.
E se o show de Steve Vai foi sensacional, a segunda noite ainda guardava ainda mais emoções.
A lenda do blues Buddy Guy chegou com seus incríveis 70 anos de estrada e 86 anos de idade, uma carreira que o músico está agora encerrando com a turnê “Damn Right Farewell Tour”, sua turnê de despedida dos palcos.
Mas quando se imagina um artista que está se despedindo dos palcos aos 86 anos, a gente nunca espera ver alguém tão cativante, com os olhos brilhando e uma vivacidade de garoto, Buddy Guy brinca com sua guitarra como um menininho fazendo travessuras.
Enquanto o público simplesmente curte o melhor do blues, Buddy continua se divertindo, tirando sons daquela velha amiga com uma facilidade que ajuda a explicar porque estamos diante do bluesman cujo talento influenciou Jimmy Page e Jimi Hendrix, além de incentivar um certo grupo de adolescentes londrinos a fazer uma banda de cover de blues, na década de 60, que acabou tomando seu nome de uma música de Muddy Waters, os Rolling Stones.
O público que teve o privilégio de ver o mestre Buddy Guy em ação, neste sábado, saiu de alma lavada.
Adriana Maraviglia
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