Exposições abrem palacete na Paulista para a comunidade LGBT+

EXPOSIÇÃO QUEER ANGOLA – FOTO: DIVULGAÇÃO

O Palacete Franco de Mello, construído em 1905, na primeira fase residencial da Avenida Paulista, vai abrigar, neste Mês do Orgulho LGBT+ duas exposições alusivas ao período: “Afetos Dissidentes” e “Queer Angola”, numa iniciativa conjunta de quatro entidades, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, o The Queer Museum, a Diversa Arte e Cultura, e a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP), trazendo artistas dos 5 continentes com suas visões do universo LGBT+ em seus países.

O Projeto

A partir deste ano, o Palacete Franco de Mello vai abrigar o projeto de um centro internacional para promover a cultura e a diversidade, numa iniciativa que partiu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo em sua nova gestão.

Após anos fechado e com sua integridade ameaçada, o palacete, joia rara arquitetônica da avenida mais importante da cidade, finalmente abrirá suas portas ao público.

Esse centro internacional será integrado ao circuito artístico, turístico e cultural da Paulista, que já conta com museus e galerias reconhecidos mundialmente, com essa ação assinalando também o começo dos trabalhos de restauração do referido casarão centenário.

As obras de recuperação do palacete devem estar concluídas em 2024, contribuindo para a preservação do patrimônio arquitetônico, proporcionando visibilidade às diversas minorias, gerando empregos e se tornando um ponto de referência internacional para a arte, cultura e respeito à diversidade.

A entrada e visita são gratuitas, tendo ainda a possibilidade de visitas guiadas por monitores especializados pelo interior da casa perante agendamento.

As Exposições

Um espaço temporário será montado anexo ao palacete, exibindo as exposições “Afetos Dissidentes: a diversidade sexual na arte contemporânea” e “Queer Angola”, contando com a participação de 11 artistas de países como Angola, Brasil, Espanha, México, Polônia, Reino Unido, Tailândia, entre outros, e mostrando um panorama do trabalho e da situação atual dos artistas LGBT+ ao redor do globo.

Em várias partes do mundo, especialmente em continentes e países totalitários e teocracias, a arte se tornou uma ferramenta de protesto que confronta instituições e indivíduos tradicionalistas, nos quais a dissidência muitas vezes não encontra espaços nem visibilidade. A arte desempenha um papel fundamental como meio de expressão para a humanidade.

Foram os dissidentes sexuais que desenvolveram códigos e camuflagens, que conferiram complexidade e profundidade às expressões artísticas, para transmitir emoções que não podiam ser expressas de forma direta, e que também não podiam ser reprimidas. De Leonardo da Vinci até Andy Warhol, podemos observar como a expressão da dissidência sexual abriu caminho, mesmo em sociedades mais conservadoras.

Com apoio da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, a exposição ficará no entorno do Casarão Franco de Mello, do dia 11 de junho, dia da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, até o dia 28 de junho, Dia Mundial do Orgulho LGBT+.

“Afetos Dissidentes: a diversidade sexual na arte contemporânea”

Exposição “Afetos Dissidentes” – foto: David Jester

Esse é o espírito de “Afetos Dissidentes: a diversidade sexual na arte contemporânea”: exibir expressões artísticas que reivindicam as diversas sexualidades existentes no mundo, propondo a exibição expressões artísticas que representam as diversas sexualidades e identidades. As imagens criam um panorama da arte produzida pela nossa comunidade neste momento específico, compartilhando com o público os diálogos e códigos da arte contemporânea presentes no mundo.

O curador, Cheo González, nasceu durante a ditadura de Pinochet no Chile, onde a mídia era controlada por militares e figuras religiosas, este artista explora o confronto entre a comunicação oficial e a intervenção popular. Buscando recriar esse diálogo, ele exibe imagens em espaços públicos, para posteriormente recuperá-las, restaurá-las e modificá-las em seu estúdio. Em seguida, ele as coloca de volta nas ruas, com o objetivo de iniciar uma conversa com o coletivo anônimo.

“Queer Angola”

Exposição “Queer Angola” – foto: Foto: Carlos Fernandes – Modelo: Marley

Já a exposição fotográfica “Queer Angola” retrata pessoas da comunidade LGBT+ do país, com imagens da campanha “Veja além do seu preconceito”, da Associação Íris Angola. São 12 fotografias de lésbicas, gays e pessoas trans angolanas em contextos e atitudes de empoderamento da comunidade no país.

As fotos, concebidas e coordenadas por Carlos Fernandes da Associação Íris Angola, traduzem a cultura angolana, nas roupas, nos tecidos, nas estampas, nas cores e nas pinturas faciais e corporais, e na atitude das pessoas fotografadas, que expressam sua coragem, num continente ainda marcado por muita censura, discriminação, violências e punições públicas.

Os Artistas

Anuwat Apimukmongkon: nascido em 1995, Trang, vive e trabalha no extremo sul da Tailândia. Ele se formou como Bacharel em Belas Artes pela Universidade Prince of Songkla, campus de Pattani no mesmo país. Através de colagens, mistura diversas técnicas descortinando a cultura tailandesa.

Carlos Fernandes: diretor executivo da Associação Íris Angola, criou e executou a campanha “Veja além do seu preconceito” que, como resultado, gerou a exposição Queer Angola, que já circulou no país de origem e no Brasil, passando por diversas cidades em ambos.

Daniel Torrent: espanhol, bacharel em História da Arte, Direção de Cinema e Belas Artes. Obteve os prêmios Junceda, Fundação Fita, Manuel António da Mota e CJBooks. Já expôs em Espanha, Itália, França, México e Nova Iorque. Sua obra transita entre uma masculinidade robusta e cenas de profunda afetividade.

David Jester: graduou-se como Bacharel em Belas Artes pela Virginia Commonwealth University e completou seus estudos de pós-graduação na Rutgers University, New Brunswick, NJ em 1996. Com cores vivas e vibrantes, suas imagens exalam sensualidade e vida.

Doug Blanchard: pós-graduado em pintura e história da arte, mora no Brooklyn, tem seu estúdio no Lower East Side de Manhattan e ensina arte no Bronx Community College/CUNY (EUA). Sempre em tons de cinza, traz Jesus para a realidade do mundo atual.

Fe Maidel: artista brasileira, psicóloga e ex-gestora do Programa Transcidadania, trabalha junto entidades públicas, privadas e sociedade civil, com foco no resgate e no apoio à comunidade LGBT+. Com desenhos e pinturas que registram os aspectos afetivos de sua transição, propõe ao público uma reflexão sobre o quanto a aceitação e o pertencimento são importantes para nossa comunidade.

Grzegorz Pieniak: nascido em 1994, estudou pintura na Academia de Belas Artes de Varsóvia. Ele é cofundador e membro da Otwarta Pracownia Eksperymentu e da Galeria Kaplica, ao lado de artistas como Piotr Wesołowski, Agata Słowak e Szawł Płóciennik.

Juliusz Lewandowski: nascido em 1977 em Varsóvia, é pintor autodidata e um dos poucos criadores de arte erótica na Polónia. Estreou-se como ilustrador das “Canções de Maldoror” de Lautréamont e das obras do Marquês de Sade. Uma parte importante de sua pintura são os fios autobiográficos que se tornam um pretexto para mostrar problemas universais da natureza humana.

Stuart Sandford: é um artista multidisciplinar baseado entre Londres (Inglaterra), Los Angeles (EUA) e Cidade do México (México) que trabalha com diferentes mídias, incluindo fotografia, escultura, pintura, imagem em movimento e instalação. Nessa mostra usa a Polaroid como principal ferramenta.

Zaida González: fotógrafa transfeminista e uma das autoras mais proeminentes da cena latino-americana contemporânea. Formou-se em Fotografia e é fundadora do coletivo Macrodosis. Vencedora do Prêmio Rodrigo Rojas de Negri e “Melhor Jovem Artista Estrangeiro” na Lituânia. É autora dos livros “Las novias de Antonio”, “Recuérdame al morir con mi último latido” e “Zaida González de Guarda”.

Exposições: “Afetos Dissidentes: a diversidade sexual na arte contemporânea” e “Queer Angola” –  Local: Casarão Franco de Mello – Av. Paulista, 1.919 – São Paulo (SP) –  Data:  de 11 a 28 de junho de 2023 –  Entrada: gratuita –  Organização: Diversa Arte & Cultura –  Curadores: Cheo González, Franco Reinaudo, Leonardo Arouca e Stevan Lekitsch –  Diagramação: Alexander Yoo –  Artistas: Anuwat Apimukmongkon (Tailândia), Cheo González (Chile), Daniel Torrent (Espanha), David Jester (EUA), Doug Blanchard (EUA), Fe Maidel (Brasil), Grzegorz Pieniak (Polônia), Juliusz Lewandowski (Polônia), Stuart Sandford (Reino Unido), Zaida González (Chile) –

Apoio: Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) e Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Possibilidade de visitas guiadas por monitores perante agendamento.

Informações: dac.org.br@gmail.com

Links: https://thequeermuseum.art 

PS: ambas as exposições também estarão no dia 8 de junho, a partir das 10h na 22ª Feira Cultural da Diversidade LGBT no Memorial da América Latina em São Paulo (SP).

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