Songs of Surrender despe o repertório do U2

O aguardado novo disco do U2 acaba de chegar aos streamings nesta sexta-feira (17/03), recebendo reações bastante negativas da crítica. 

O 14º disco de estúdio da banda é o resultado de um desejo antigo e de dois anos de trabalho, com o guitarrista The Edge aproveitando  o tempo livre que teve por causa da pandemia para pegar cada uma das faixas e reimaginá-las em outros arranjos.

A ideia era trazê-las para um contexto mais íntimo. Segundo o próprio The Edge, o objetivo era que o público sentisse que estava cara-a-cara com a banda, como se Bono cantasse em seu ouvido.

E se durante a pandemia, The Edge lidava com os arranjos, Bono revisitava a própria história. 

Em novembro do ano passado, Bono lançou “Surrender”, um extenso livro de memórias, com 40 capítulos, cada um com o nome de uma música, cada um contando o contexto e a inspiração que as fizeram nascer. 

Com o livro nas prateleiras, Bono saiu em uma turnê em que conta pessoalmente essas histórias e apresenta algumas músicas acompanhado apenas de violão ou piano. 

O disco veio daí. Com uma carreira cheia de feitos extraordinários, shows maiores e mais tecnológicos a cada nova turnê é no mínimo surpreendente que tudo isso seja deixado de lado na hora de fazer um balanço dos 47 anos de uma trajetória sempre tão superlativa. 

“Songs of Surrender” soa como uma proposta para que se faça  um exercício de imaginação de como o trabalho da banda poderia ter sido se tivesse permanecido em Dublin, presa há 47 anos no circuito de pubs de Temple Bar. 

Mas é um exercício muito difícil, com clássicos que os estádios mundo afora transformaram em verdadeiros hinos que hoje fazem parte da trilha sonora da vida de tanta gente, é complicado demais ouvi-los assim, despidos.

Talvez o objetivo tenha sido livrar-se das distrações, convidando o público a prestar atenção na mensagem das letras.

Por sinal, algumas músicas até ganharam novas letras e significados. É o caso de “Walk On”, agora dedicada ao povo ucraniano. 

“Songs of Surrender” pode não ser o disco dos sonhos e vir a agradar apenas aquela fatia de  fãs mais dedicados, mas considerando que o U2 sempre tem mais do que algumas cartas na manga, talvez o disco  permaneça apenas como uma curiosidade, mais uma história para ser contada sobre um momento triste em que até uma das maiores bandas de rock do mundo sofreu um apagão. 

Adriana Maraviglia

@revistaeletricidade

Ouça “Songs of Surrender” no Spotify: