Spencer – O pesadelo da vida real

No início dos anos 80, o casamento entre o herdeiro do trono britânico e uma jovem e carismática aristocrata, parou o mundo e  seguindo a lógica dos contos de fadas, o casal só poderia ser feliz para sempre. 

Mas na vida real, existiam outras possibilidades e no final de 1991, a Diana (Kristen Stewart) do filme “Spencer”, que estreou nos cinemas na última quinta-feira, é uma mulher que já está no seu limite, em um momento em que se dispõe a enfrentar mais uma vez, a última, as festividades de Natal com toda a família real reunida, em Sandringham. 

O roteirista Steven Knight optou por contar a história do ponto de vista da própria Diana e o diretor Pablo Larrain envolve o drama real que foi vivido em um clima surreal e opressivo. 

E mais do que simplesmente buscar o quanto maquiadores, cabeleireiros e figurinistas conseguiriam deixar a atriz parecida com Diana, uma das pessoas mais fotografadas da História, é no trabalho de corpo e voz que Stewart consegue convencer o público de que estamos na “intimidade” da realeza. 

Diana está ali vivendo um pesadelo entre tradições sem sentido, obrigações e exigências absurdas, cada uma gotas a encher um balde já transbordando. 

A trilha sonora do Jonny Greenwood joga o público no meio daquele pesadelo e até incomoda algumas vezes, contribuindo com o desconforto.

Larrain já tinha conseguido construir muito bem a sensação claustrofóbica de uma mulher presa a circunstâncias terríveis com a Jackie Kennedy de “Jackie” (2016). 

Diana também está aprisionada naquele contexto onde as únicas pessoas que interagem com ela são alguns dos empregados da casa como o Major Alistar Gregory (Timothy Spall) e Maggie (Sally Hawkins), ela sequer tem o direito de escolher as roupas que irá vestir. 

“Spencer”, com seus fantasmas muito vivos, consegue ser um desconcertante  filme de terror sobre uma tragédia da vida real. 

Adriana Maraviglia

@drikared

Assista ao trailer de “Spencer”:

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