Drama francês traz a beleza poética de um encontro humano
|Um encontro profundamente humano entre dois miseráveis em Paris pode ser visto a partir desta quinta-feira (14/10) nos cinemas brasileiros no drama francês “Sob as Escadas de Paris”.
A produção mostra a viagem por uma cidade que acolhe muito bem os turistas de todo o mundo, enquanto trata seus miseráveis e sem teto, especialmente os migrantes, com uma dose gigantesca de desprezo.
Dirigido por Claus Drexel, o filme conta a história de Christine (Catherine Frot), uma mulher que se abriga, com a ajuda de um funcionário da limpeza das ruas de Paris, atrás de um portão, em uma área de serviço sob uma das muitas pontes do Rio Sena.
Ela tem uma rotina própria que é completamente abalada quando, em uma noite de inverno, o pequeno Suli (Mahamadou Yaffa), um migrante africano de 8 anos que aparece em seu abrigo pedindo ajuda em uma língua que Christine não compreende e sem saber falar uma palavra de francês.
Bastante descontente com a situação, a princípio Christine tenta se livrar do garoto, mas não demora muito a entender que ele precisa de ajuda e a se dispor a ser essa ajuda para que ele reencontre sua família.
É preciso falar sobre a interpretação de Catherine Frot e do pequeno Mahamadou Yaffa que emocionam mesmo sem falar quase nada. Mesmo com a barreira da língua, os dois conseguem expressar muito com o olhar.
Um filme emocionante, valorizado pela fotografia de Philippe Guilbert que enche a tela com uma beleza poética. Nas primeiras cenas, Christine parece uma daquelas figuras sinistras das telas da Idade Média e só a podemos ver realmente depois de seu primeiro encontro com Suli e ainda assim, a luz de velas.
A beleza da cidade que atrai tantos milhões de turistas todos os anos também está por lá, mas desta vez mostrando mais do que os muitos monumentos, mas o fator humano dos muitos que vivem por lá a margem da sociedade como Christine e o pequeno Suli que se abrigam em barracas, sob pontes, em subterrâneos e até mesmo no aeroporto.
Um dos filmes mais bonitos e humanos deste ano, que merecia ter recebido a tradução literal de seu título original em francês “Sob as Estrelas de Paris” dá uma ideia um pouco mais completa da beleza que ele oferece.
Assista ao trailer de “Sob as Escadas de Paris”: