Documentário “Alvorada” traz Dilma humana e real

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF NO DOCUMENTÁRIO "ALVORADA" - FOTO: DIVULGAÇÃO

Chega nesta quinta-feira (27) aos cinemas brasileiros e plataformas digitais o documentário “Alvorada”.

Dirigido por Anna Muylaert e Lô Politi, o filme coloca câmeras no Palácio da Alvorada para acompanhar de perto o período em que Dilma Rousseff permaneceu isolada do poder.

Os dias em que ficou afastada de seu cargo, após a votação do Impeachment, na Câmara dos Deputados,  que revelou ao Brasil um “show de horrores”, expondo a absoluta indigência moral dos ditos “representantes” do povo.

A câmera invade a intimidade da presidenta e serve para registrar a rotina dos muitos funcionários de manutenção do palácio, que seguem com suas tarefas, impassíveis ao drama que sua ocupante vive naquele momento.

Tendo o trabalho deles como um pano de fundo, a atenção se volta para Dilma Rousseff, a primeira presidente mulher do Brasil e a maior vítima de um sórdido golpe midiático-jurídico para tomar o poder sem ganhar a eleição, ela sempre parece pronta a enfrentar toda a situação de cabeça erguida.

Naquele momento, continua lutando por seu mandato, recebendo lideranças, cuidando de sua defesa e ainda encontra tempo para conversas casuais sobre filosofia, literatura e política com a equipe do documentário. 

E quando o faz, se mostra uma figura humana e real, muito longe da personagem criada por uma  mídia que o tempo todo deu voz aos setores da sociedade que sua reeleição frustrou profundamente, em 2014.

Diferente de “Democracia em Vertigem” (2019) de Petra Costa e de “O Processo” (2018), de Maria Ramos, a história contada não se rende ao didatismo de detalhar aquilo que as câmeras estão nos mostrando, nem transparecem a sororidade e identificação que podemos sentir no tom das duas cineastas.

A observação aqui é bem mais fria, as lentes apenas observam o momento, ao som elegante de Villa Lobos e da graça eterna do “Tico-Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu; que compõem a boa trilha sonora de Patricia Portaro.

Infelizmente, as cenas não oferecem solução, ou apontam o caminho de saída da armadilha mortal em que o país estava prestes a cair.

Quase nas cenas finais do documentário, depois da saída do caminhão com a mudança de Dilma Rousseff, as câmeras dentro do palácio captam um flagrante curioso: sem qualquer cerimônia, um urubu invade a casa e provoca agitação entre os funcionários do palácio.

Daqui, me pareceu um aviso claro sobre o mergulho nas trevas que se anunciava no horizonte. Pena que não fomos suficientemente espertos para seguir os sinais.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer do documentário “Alvorada”:


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