“Bela Vingança”: filme para lembrar que o machismo continua por aí

BELA VINGANÇA - FOTO: REPRODUÇÃO

Logo nos primeiros minutos de exibição de “Bela Vingança”, somos apresentados a Cassandra (Carey Muligan) e temos a impressão de que ela está prestes a ser vítima de um abuso, quando, repentinamente ela vira o jogo e descobrimos que de vítima ela não tem nada.

O filme de estreia da diretora Emerald Fennell tem em seu centro uma mulher jovem que decidiu colocar os potenciais estupradores em um lugar que eles não irão gostar nem um pouquinho.

Ao mesmo tempo, o roteiro da própria diretora Fennell vai aos poucos mostrando o quanto Cassie já comprometeu de sua vida e de tudo que abriu mão para continuar sua caçada noturna diária a esses predadores noturnos. 

Com detalhes técnicos surpreendentes como a bela fotografia de Benjamin Kracun, que valoriza uma direção de arte colorida, exageradamente kitsch e uma trilha sonora que inclui até a música “Toxic”, de Britney Spears tocada por uma orquestra de cordas que está lá só para lembrar de sua letra que classifica os chamados “boys lixo” como tão perigosos quanto as drogas, o filme chama atenção e ajuda a evocar os ecos das muitas mudanças dentro do próprio ambiente da indústria cinematográfica com movimentos como o #MeToo que expôs  abusos e abusadores de Hollywood.

“Bela Vingança” é um filme pesado, que tem como finalidade fazer pensar que apesar de tudo o que se tem feito para deixar para trás uma coisa tão primitiva como o machismo, ainda falta muito por fazer quando se constata que há por aí quem considere normal que homens  se aproveitem de mulheres que cometem o erro de exagerar na bebida ou confiar na boa vontade do “bom moço” que ofereceu uma “simples carona” na volta da balada. 

O tom de humor negro e o sabor de vingança, nas cenas em que Cassie enquadra os potenciais estupradores, vão sendo diluídos no pessimismo amargo das reviravoltas que levam ao desfecho da história.

“Bela Vingança” recebeu cinco indicações ao Oscar 2021: Melhor Filme, Melhor Atriz (Carey Muligan), Melhor Direção (Emerald Fennell), Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Bela Vingança”:

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