O espírito de uma época recriado em “Judas e o Messias Negro”
|Um capítulo real e terrível da história da luta dos negros pelos direitos civis, entre o final da década de 60 e início da de 70 chega ao cinema em “Judas e o Messias Negro”.
Bill O’Neal (LaKeith Stanfield) é um ladrão de carros que é cooptado pelo agente do FBI Roy Mitchell (Jesse Plemons) para se infiltrar no partido dos Panteras Negras, em Chicago, para trazer informações, principalmente sobre Fred Hampton (Daniel Kaluuya), um jovem líder que naquele momento preocupava com o poderoso e racista chefe da agência, J. Edgar Hoover (Martin Sheen).
Um dos melhores filmes deste ano, “Judas e o Messias Negro” tem um roteiro que opta por apresentar na tela o lado humano dos personagens, amplificado por interpretações acima da média do elenco.
Na verdade, o trabalho de Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield é tão especial que confundiu os membros da Academia e posicionou ambos na disputa pelo mesmo Oscar, o de Melhor Ator Coadjuvante.
O diretor Shaka King conseguiu construir um mergulho no espírito de uma época com a ajuda de uma boa trilha sonora que acompanha muito bem todos os momentos do filme, inclusive os mais tensos.
A direção de arte de Jeremy Woolsey e a fotografia de Sean Bobbit são envolventes e aumentam a sensação de identificação com os personagens e suas causas que infelizmente continuam muito atuais.
“Judas e o Messias Negro” recebeu seis indicações ao Oscar: Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Canção Original, Melhor Ator Coadjuvante para Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield e Melhor Filme.
Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade
Assista ao trailer de “Judas e o Messias Negro”: