Pelé é tema de novo documentário na Netflix
|Para o mundo, um grande herói do esporte e o maior jogador de futebol de todos os tempos, para o Brasil, um dos brasileiros mais especiais que esta nação conseguiu produzir, a história de Pelé é mais uma vez contada no novo documentário “Pelé” que acaba de chegar à Netflix.
Agora pela ótica de dois documentaristas americanos, especializados no mundo do esporte Ben Nicholas e David Tryhorn, chega um recorte bastante restrito desta trajetória: as 4 Copas do Mundo que tiveram a participação do jogador.
A imagem de hoje do “Rei do Futebol”, aos 80 anos, frágil, movendo-se com andador e cadeira de rodas contrasta com a do rapaz que com apenas 17 anos, em 1958, ganhou o mundo e o coração dos brasileiros que o transformaram em herói e exemplo de sucesso a ser almejado.
Tem um grande valor vê-lo revivendo esta história e as cenas de seus feitos nos campos de futebol sempre serão encantadoras, embora o enfoque seja tão completamente sobre Pelé, que passa por cima dos talentos que o ajudaram nestas conquistas.
Futebol não é um esporte individual, há que se considerar que os demais jogadores contribuíram muito para que o Brasil se tornasse aos olhos do mundo o “País do Futebol”.
Com depoimentos de jornalistas, jogadores de futebol, artistas e políticos, a história vai sendo enriquecida por outras impressões e também por imagens que ajudam a explicar o momento que o Brasil atravessava.
No início da década de 60, o Brasil tentava se modernizar, quando foi atropelado por um golpe militar que o atirou nas trevas por 20 anos e só produziu morte e retrocesso.
Algumas cenas da época são mostradas e até mesmo os documentaristas americanos parecem indignados com o que vêem e chegam a dar como exemplo as atitudes do pugilista Muhammad Ali, que chegou a ser preso e condenado por recusar aceitar sua convocação para combater no Vietnã.
Apesar do que acontecia no Brasil, Pelé nunca abriu a boca para enfrentar o Regime Militar e continua até hoje avesso a tomar qualquer posição política. Talvez ele seja simplesmente mais um caso da enorme falta de empatia que fazem de jogadores como Sócrates e Casagrande, figuras centrais no ativismo político da Democracia Corintiana, entre as décadas de 70 e 80, verdadeiras exceções dentro do alienado universo futebolístico.
Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade
Assista ao trailer de “Pelé”: