Remake de Rebecca não está a altura do clássico de Hitchcock

Quase dá para adivinhar o tamanho da sombra pairando sobre o set de filmagens de “Rebecca – A Mulher Inesquecível” em sua nova versão que chegou hoje à grade da Netflix.

Afinal, a outra adaptação para as telas do livro clássico de Daphne Du Maurier é do diretor Alfred Hitchcock, um dos maiores diretores da história do cinema e que rendeu 2 Oscars, o de melhor filme (o único do diretor) e o de fotografia (para George Barnes). 

Para escapar do peso das comparações, o diretor Ben Wheatley fez questão de avisar que não tentou fazer um remake, simplesmente encomendou uma nova adaptação do livro aos roteiristas Jane Goldman, Joe Shrapnel e Anna Waterhouse, que tem a seu favor o fato de ser um pouco mais fiel ao texto original. O que muda um pouco a trama em comparação com a  do filme de 1940, mesmo que os dois contem a mesma história de amor de um casal atormentado pela sombra de uma mulher que já morreu, a Rebecca do título. 

Maxim De Winter (Armie Hammer) é um viúvo milionário que conhece e se encanta com a garota órfã (Lilly James), acompanhante da Senhora Van Hopper (Ann Dowd), em uma viagem na Riviera Francesa, na década de 30.

Os dois se apaixonam e logo se casam, mas a sombra da primeira esposa de Maxim ainda é forte demais em Manderley, a mansão da família.

A nova versão talvez funcione muito melhor com quem nunca viu a versão  de Hitchcock, que, por sinal, foi o primeiro filme do mestre em solo americano, assim que fechou contrato com a mítica produtora de David O. Selznick.

Quem já viu, vai achar que algumas coisas fazem muita falta, sem querer estragar a experiência de ninguém, mas esta sensação acontece  principalmente porque Lilly James mostra um pouco demais de personalidade para uma garota que nem nome tem e a Senhora Danvers da sempre maravilhosa Kristin Scott Thomas talvez tenha muito pouco tempo de tela para contribuir, sem poder contar com a ajuda do suspense e do mistério que ficaram de fora desta vez. 

A favor desta nova versão, uma cena, ainda no terço inicial do filme, enquanto os recém casados De Winters se aproximam de Manderlay, no carro a canção folk “Don’t Let a Man Steal Your Thyme”  soa  como um aviso fantasmagórico sobre os problemas que a pobre garota sem nome irá enfrentar neste casamento que até então parecia perfeito. 

Este momento breve e alguns detalhes estéticos como a direção de arte e a fotografia são os poucos pontos positivos de uma versão que não vai muito longe. 

E a sensação que fica no final é a de que, se a intenção de Ben Wheatley era mesmo a de desafiar o legado do maior diretor de cinema de todos os tempos, ele precisava ter se esforçado muito mais.

Adriana Maraviglia
@drikared

Assista ao trailer de “Rebecca – A Mulher Inesquecível”:

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