“Os 7 de Chicago”: A história real de uma injustiça
Chegou nesta sexta à Netflix mais uma das apostas da plataforma de streaming para a temporada de prêmios deste ano. Trata-se de “Os 7 de Chicago”, um drama de tribunal que narra fatos reais quase inacreditáveis de tão surreais.
Em 1968, o mundo inteiro vive um momento de agitação, protestos de estudantes tomam as ruas exigindo uma sociedade mais justa e, especialmente nos EUA, duas lutas se destacam e se misturam, a dos negros pelos direitos civis e a dos jovens contra a Guerra no Vietnã.
Aaron Sorkin, mais conhecido por seu trabalho como roteirista, escreveu o roteiro de “Os 7 de Chicago” em 2007 com a intenção de que Steven Spielberg assumisse a direção, mas alguns percalços da indústria cinematográfica dos últimos anos, levaram o próprio Sorkin a dirigir o filme, a partir de 2018.
Por incrível que pareça, a história que se vê na tela é real: com o crescimento do número de convocações e de mortes de soldados americanos na Guerra do Vietnã, diversos grupos de manifestantes decidem fazer um grande protesto em Chicago, na porta do hotel onde está acontecendo a convenção do Partido Democrata, com o objetivo de alcançar visibilidade para o movimento e aproveitando a presença da imprensa que está lá para cobrir a convenção.
O protesto é duramente reprimido e alguns líderes dos diversos movimentos ali representados são presos e enquadrados na Lei Rap Brown, aprovada em 1969 pelo Congresso, tinha por objetivo de reprimir movimentos pelos direitos humanos, e tornava ilegal atravessar fronteiras estaduais para participar de manifestações.
O filme mostra o longo julgamento de um grupo de 8 homens formado por Abbie Hoffmann (Sacha Baron Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), Tom Hayden (Eddie Redmayne), Rennie Davies (Alex Sharp), David Dellinger (John Carroll Lynch), John Froines (Daniel Flaherty), Lee Weiner (Noah Robbins) e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II) , que mesmo sem nada em comum, são acusados de conspiração pelo promotor Richard Schultz (Joseph Gordon-Levitt).
O velho juiz conservador Julius Hoffmann, interpretado de forma sensacional por Frank Langella, já tem uma convicção e uma sentença formada para todos os réus e por isso passa como um trator por cima dos direitos de todos os réus.
Mark Rylance também oferece uma interpretação acima da média ao retratar William Kunstler, o advogado de sete dos réus que demonstra capacidade e sangue frio em embates inesquecíveis tanto com o promotor, como com o próprio juiz.
Aliás, a interação entre os atores, produz momentos simplesmente sublimes, coisa bem difícil de acontecer em filmes deste tipo, em que o foco central da história se divide entre um grande número de atores.
A edição, a agilidade e leveza dos diálogos escritos por Sorkin contribuem para criar uma obra cinematográfica única e já posso colocar sem medo de errar “Os 7 de Chicago” na minha lista de melhores filmes do ano.
Mais do que isso, o filme tem uma importância vital em um momento em que governos baseados em autoritarismo, hipocrisia e corrupção, eleitos usando mentiras, colocam em risco a continuidade da vida neste planeta, a população do mundo tem a oportunidade de rever um erro histórico da justiça americana e aprender com ele de uma vez por todas, para que nunca mais juízes e tribunais sejam utilizados como ferramentas para barrar a liberdade de um povo.
Adriana Maraviglia
@drikared
Assista ao trailer de “Os 7 de Chicago”:
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