“Marielle – O Documentário” procura montar o quebra-cabeça de um crime brutal ainda sem solução

A Rede Globo colocou ontem no ar o primeiro dos seis episódios da série “Marielle – O Documentário” que está disponível na plataforma de streamings Globoplay, desde ontem.

O documentário marca a estreia do jornalismo da Globo na produção de séries documentais para a Globoplay.

Montado a partir de depoimentos de pessoas próximas a Marielle e também de envolvidos no caso, o documentário organiza todos os fatos descobertos nos últimos dois anos relativos às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

E também traz a público cenas inéditas de vídeos caseiros que servem para dar uma dimensão humana a trajetória da garota que cresceu na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, foi mãe na adolescência, tornou-se uma ativista por direitos humanos em organizações locais e mais tarde filiou-se ao PSOL, passando a trabalhar na campanha que elegeu Marcelo Freixo vereador.

Outra novidade do documentário, ele mostra diversas mensagens íntimas de Whatsapp trocadas por Marielle e sua família e também por Anderson com a esposa. 

A assessora Fernanda Chaves, única sobrevivente, conta pela primeira vez os momentos de terror que viveu durante o atentado que a fizeram exilar-se na Espanha.

O documentário mostra a vereadora como uma jovem força política em ascensão na cidade que batia tantas vezes de frente com os interesses das milícias locais, que exploram o povo do Rio de Janeiro há décadas.

A série tem ao todo 339 minutos (5h39min) de duração que mostram a equipe de jornalismo da Globo seguindo pistas, revendo depoimentos, entrevistando pessoas ligadas a Marielle e a Anderson e refazendo o caminho dos executores do crime saindo do condomínio na Barra e indo até a cena do crime no bairro do Estácio.

Cada peça juntada a anterior, na tentativa de montar o quebra-cabeças de um crime brutal que ainda precisa apontar quem são os seus mandantes e as razões que o provocaram.

O documentário dirigido por Caio Cavechini, editor executivo do programa “Profissão Repórter” e redigido por ele em parceria com a colega Eliane Scardovelli, bate nas mesmas  paredes em que as investigações policiais bateram e não deixa de mostrar o trabalho sujo da rede de fake news online que, desde o crime, tenta esvaziar a importância política de Marielle e de suas lutas.

Aliás, estas pessoas continuam muito ativas e agora se dedicam a tentar esvaziar a validade do excelente e detalhado documentário e conseguiram pautar a imprensa especializada em televisão usando números de audiência como justificativa. 

O retrato pintado por “Marielle – O Documentário” é suficientemente forte e emocionante para voltar a preocupar os responsáveis pelo assassinato brutal de duas pessoas baseado no mesmo ódio ideológico que provavelmente reabrirá o esgoto de mentiras. 

Exatamente o mesmo que é responsável pelo mergulho deste país em uma idade das trevas que, esperamos, termine o mais breve possível. 

Adriana Maraviglia

@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Marielle: O Documentário”

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