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O Egito Antigo em exposição no CCBB-SP

Já chegou à São Paulo a exposição “Egito Antigo: do cotidiano a realidade”, que está em cartaz no CCBB-SP, depois de ser vista no CCBB-RJ por quase 1.5 milhão de pessoas.

São 140 peças originais, saídas do acervo do Museu Egípcio de Turim, o segundo mais importante do mundo depois do Museu do Cairo, resultantes de escavações arqueológicas que aconteceram no século XIX e início do século XX.

Entre esculturas, pinturas, objetos litúrgicos, sarcófagos e até uma múmia humana, que podem ajudar o público a conhecer um pouco mais sobre a riquíssima cultura de uma civilização que continua fascinando as pessoas por sua beleza e mistérios.

Pelos seis andares do CCBB, a exposição está dividida em três seções que podem ser identificadas por suas cores: vida cotidiana, religião e eternidade.

Vida Cotidiana (seção amarela)


O dia no Egito Antigo começava quando os primeiros raios de luz emergiam do akhet (horizonte) para iluminar Kemet, a terra negra (Egito). Este também é o momento em que a jornada de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade tem início: o cotidiano é apresentado por meio de vídeos e fotografias – do Nilo, de sítios arqueológicos, tumbas e objetos importantes. As imagens transportam o público para o modo de vida de uma civilização intimamente ligada à figura do Sol, Deus representado em pinturas, escritos, adereços e objetos, entre outros artefatos, relacionados ao Egito Antigo.

O amarelo que colore essa seção está associado ao Sol, mas também ao ouro (material do qual a pele dos deuses era feita), assim como ao tom ocre comumente usado em Deir el-Medina – a vila abrigava artesãos das tumbas do Vale dos Reis, de onde vêm a maior parte da informação sobre o dia a dia dos antigos egípcios.

Por meio dos objetos expostos – adornos, artigos de higiene, pentes, frascos de cosméticos, sapatos, vestimentas, entre outros – é possível entender aspectos como trabalho, nutrição e saúde da civilização egípcia.

Os níveis sociais em torno da cultura e das esferas administrativas e sacerdotais eram reservados a altos dignitários, que desfrutavam dos maiores privilégios, praticavam caça e pesca e cuidavam do corpo com óleos, pomadas, banhos e perfumes. Tanto mulheres quanto homens usavam maquiagem, especialmente o kohl, uma mistura preta aplicada ao redor dos olhos, que servia a um propósito protetor.

Já os camponeses viviam como o esteio da economia, junto com os servos. Suas vidas e trabalho eram determinados por um evento cíclico fundamental: a inundação do Nilo, em julho, que transformava os campos em pântanos lamacentos. Era muito incomum mudar de classe social, mas um escriba poderia melhorar muito seu status, uma vez que seu conhecimento era requisito para os cargos mais altos: era necessário dominar o hieróglifo e a escrita administrativa, em particular hierática (versão cursiva do hieróglifo), muito mais rápida, usada em anotações e documentos. Enquanto o hieróglifo era escrito em pedra ou papiro precioso, o hierático era registrado em óstracons.

Religião (seção verde)



A segunda parte da exibição irá ilustrar a relação dos egípcios com o sagrado, levando o visitante para dentro de um templo, em um ambiente em tons de verde. Essa cor está ligada a muitos conceitos, em especial ao renascimento e à regeneração, assim como à cor da pele do deus Osíris, rei dos mortos, e à tonalidade do papiro, feito a partir da planta identificada com o Nilo, que crescia na água e representava uma nova vida. A luz é suave, para evocar o que teria sido a iluminação típica dos templos, onde os cultos oficiais eram praticados e os sacerdotes escreviam os textos sagrados e determinavam a vida religiosa. Eram subdivididos em espaços públicos e sagrados, nos quais apenas alguns sacerdotes e o rei podiam entrar. Sua arquitetura substituía progressivamente a luz pela penumbra e escuridão.

A religião egípcia era politeísta, marcada por um grande número de divindades maiores e menores. A forma mais íntima de devoção pessoal era o culto votivo, que envolvia a consagração de objetos representando as divindades.

Muitos deuses assumiam a forma animal, e espécies associadas a divindades específicas eram adoradas. Nos templos, um animal associado a um deus poderia ser considerado sua encarnação e, se morresse, seria mumificado e poderia ser deixado como oferenda. Foram encontradas centenas de milhares de múmias, especialmente gatos para a deusa Bastet, cães para o deus Anúbis, falcões para o deus Hórus e íbis para o deus Thoth. As múmias eram acompanhadas de objetos em vários materiais, incluindo estátuas de divindades e estelas de pedra calcária, diante das quais as oferendas seriam deixadas.

Outro aspecto importante da religião era a magia, desde a vida cotidiana até os ritos funerários – às vezes, considerada o único remédio contra o comportamento incompreensível dos deuses, demônios, anjos e espíritos dos mortos. A doença era vista como uma possessão por uma entidade prejudicial que precisava ser derrotada. As estátuas de cura pertencem a essa esfera e apareceram pela primeira vez no Império Novo (iniciado em cerca de 1500 a.C.), podendo curar picadas de cobra e escorpião, com a água ou leite que era derramada sobre elas e sobre os textos mágicos que cobriam as feridas.

Eternidade (seção azul)



A escuridão noturna, fase em que a deusa Nut engolia o Sol, era associada ao reino dos mortos; e o azul é a cor do lápis-lazúli, mineral precioso valorizado pelos egípcios. Em um ambiente com iluminação azul meia-noite, considerada por eles a cor da eternidade, o terceiro espaço expositivo irá abordar as tradições funerárias e a vida após a morte. A luz ainda mais fraca sugere os locais fechados e selados das câmaras funerárias, onde os bens da sepultura eram originalmente colocados. Assim, o visitante é transportado ao interior de uma tumba para acompanhar desde a sua idealização e construção até o sofisticado ritual de mumificação.

Os elementos da arquitetura das tumbas atendiam exigências relacionadas às crenças funerárias. Esse ritual atingiu sua máxima expressão com a mumificação, que era considerada uma proteção do corpo para continuar a vida após a morte.

Os órgãos internos eram retirados, tratados e guardados em vasos canópicos, pois os egípcios acreditavam que era preciso preservá-los para assegurar a vida eterna; só o cérebro era descartado; e o coração, a casa da alma, era recolocado na múmia. Essa função protetora da mumificação era reforçada pela recitação de fórmulas mágicas, representando espíritos ou divindades particulares, e posicionando amuletos em pontos específicos da múmia: o djed (hieróglifo em forma de pilar) era colocado atrás do corpo, como símbolo de estabilidade e força; o besouro coberto de fórmulas mágicas protetoras, no coração; os espíritos funerários, no músculo cardíaco; as divindades protetoras, nos órgãos do abdômen.

A partir do Império Médio (iniciado em cerca de 2000 a.C.), as tumbas ganharam estatuetas funerárias, conhecidas como shabtis, que tinham a tarefa de substituir o falecido se fosse convocado para realizar trabalho agrícola ou qualquer outra tarefa após a morte. No entanto, o objeto mais importante era o caixão, cuja função principal era preservar o corpo. Ao longo dos séculos, mudou tanto em forma quanto em decoração e, muitas vezes, era identificado com Nut, a deusa do céu e mãe divina, que acolhia os mortos e lhes permitiria começar uma nova vida.

Exposição Egito Antigo: do cotidiano à eternidade – Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – Rua Álvares Penteado, 112 – Data: de 19/02/2020 a 11/05/2020 – Aberto todos os dias das 9 às 21hrs – fechado às terças-feiras – Gratuito – Ingressos e Agendamento pelo site Eventim

ATENÇÃO: A PARTIR DE 14/03 A EXPOSIÇÃO ESTÁ SUSPENSA PARA EVITAR O CONTÁGIO DO CORONAVÍRUS

 

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