O Escândalo retrata o assédio a mulheres em um antro de conservadores

Chega aos cinemas “O Escândalo”, novo filme do diretor Jay Roach, que tem em seu roteiro uma história potencialmente polêmica para contar: a demissão real de Roger Ailes (John Lithgow), executivo da emissora de TV Fox News, que abusava de suas jornalistas.

O problema está na forma como Roach escolheu contar esta história: quebrou a quarta parede, colocou um voice over e Megyn Kelly (Charlize Theron), uma das personagens reais que vivenciou na pele o abuso, como narradora, apresentando ao público o ambiente tóxico da emissora sempre com um ar de deboche e passando por cima de fatos importantes como a intimidade do então candidato Donald Trump com a emissora de TV que o ajudou a eleger-se.

Depois desse início, em que o roteiro de Charles Randolph tenta fazer o público rir de problemas sérios, a história passa a ser mostrada com a apresentadora Gretchen Carlson (Nicole Kidman) tendo problemas com a direção da emissora por tomar posições que eram vistas como liberais.

Ao mesmo tempo, uma nova cara chega ao cenário da emissora Kayla Pospisil (Margot Robbie), com vontade de ganhar seu próprio espaço e disposta a fazer qualquer coisa para isso.

Mesmo sem um bom roteiro em mãos, o trabalho dos atores é excepcional e a sua transformação, via maquiagem, nos personagens reais, impressionante. 

Assim das três indicações ao Oscar 2020 que o filme recebeu duas são para atores: Charlize Theron (Melhor Atriz) e Margot Robbie (Melhor Atriz Coadjuvante) e a terceira indicação é para Maquiagem e Cabelos, que neste filme, conseguiram transformar de forma bastante convincente e com muita naturalidade o rosto dos atores no dos personagens retratados.

É uma pena o filme ter perdido a oportunidade de levar-se mais a sério e ser mais duro com a questão do abuso. Fazendo graça, parece estar querendo aliviar o peso gigantesco de um crime contra mulheres que continua acontecendo por aí, em todos os lugares. 

Justamente essa falta de seriedade, esse tratamento de excentricidade para as ideias descabidas e muitas vezes doentias de conservadores, cada vez mais desvinculados com qualquer compromisso com a realidade, pode até normalizar coisas abomináveis como o nazismo e o fascismo que já tinham ocupado o lixo da História há muito tempo e estão por aí, saindo do armário e mostrando novamente sua cara pavorosa à luz do dia. Melhor abrir os olhos, antes que seja tarde demais. 

Adriana Maraviglia
@drikared

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