Dor e Glória: o retrato do artista, enquanto ficção

DOR E GLÓRIA - FOTO: REPRODUÇÃO

Um dos grandes cineastas do mundo, o espanhol Pedro Almodovar resolveu trazer a sua própria história de vida para as telas, mas entrelaçou seu drama pessoal com ficção de tal forma que não é nada fácil determinar se estamos vendo o artista ou a obra de sua imaginação. 

O resultado é “Dor e Glória” que foi classificado como uma autoficção pela crítica assim que foi lançado, em maio deste ano, no Festival de Cannes. 

Antonio Banderas é Salvador Mallo, um cineasta de meia idade, com inúmeros problemas de saúde, enfrentando um momento de bloqueio criativo e depressão quando é convidado a participar de uma exibição comemorativa dos 30 anos de seu filme de maior sucesso.

O roteiro viaja a partir de flashbacks da vida desse cineasta em uma verdadeira montanha russa de emoções que diante dos nossos olhos humanizam o artista retratado.

A interpretação cheia de nuances de Antonio Banderas já rendeu a ele o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes.

E algumas cenas são antológicas, não vou me estender aqui descrevendo-as, para não estragar a experiência de ninguém, mas o diálogo entre ele e Julieta Serrano é um dos grandes momentos do filme. 

Mas ele não é o único ator que dá uma aula de interpretação em “Dor e Glória”; Penélope Cruz, Asier Etxeandia e Leonardo Sbaraglia também entregam performances excepcionais. 

O retrato envolvente de um dos cineastas que mais conseguiu trazer para a tela do cinema a emoção humana em todas as suas cores e nuances. (Mais uma) verdadeira obra-prima para Pedro Amodóvar. 

“Dor e Glória” teve duas indicações ao Globo de Ouro nas categorias Melhor Ator (Antonio Banderas) e Melhor Filme Estrangeiro.

Adriana Maraviglia
@drikared

Compartilhe: