Novo filme de Martin Scorsese sobre Bob Dylan traz o músico no topo de sua forma
|Chegou ontem à Netflix o novo documentário do diretor Martin Scorsese sobre a turnê de Bob Dylan, que aconteceu entre 1975/76, nos EUA, e foi batizada pelo artista como “Rolling Thunder Revue”.
Naquele momento o artista queria algo diferente, tinha acabado de excursionar com a “The Band”, fazendo shows grandes, em lugares enormes para multidões e queria algo mais íntimo desta vez. A ideia era a de juntar um grupo de artistas, tendo as performances dos antigos vendedores de remédios milagrosos, que viajavam pelo país como inspiração.
Nessa caravana mágica, Joan Baez, Mick Ronson, Patti Smith, Joni Mitchell, Roger Mcguinn, Bob Neuwirth e o poeta Allen Ginsberg, entre outros, faziam um espetáculo para plateias de no máximo 2 ou 3 mil pessoas.
O ponto alto do show era Dylan em plena forma, com o rosto pintado de branco e um estranho chapéu de cowboy coberto de flores, fazendo versões arrepiantes de músicas com “Mr Tambourine Man”, “A Hard Rain’s Gonna Fall”, “One More Cup of Coffe”, “Isis”, ao lado de sua banda, com a participação de Scarlet Rivera, uma violinista, competente não apenas musicalmente, mas também muito exótica, uma cigana que se encaixou perfeitamente no clima da caravana de Dylan.
No filme, as incríveis imagens que cobrem tanto o palco como os bastidores dos shows, são creditadas a um cineasta alemão, na verdade uma brincadeira de Scorsese, que escalou o ator Martin von Haselberg, marido da atriz Bette Midler, para assumir as filmagens feitas por 4 diretores de fotografia diferentes Paul Goldsmith, Ellen Kuras, David Myers e Howard Alk , que a pedido de Dylan, registravam a turnê para o que viria a ser o seu próprio filme “Renaldo & Clara” (1978). Com 4 horas de duração, o filme dirigido por Dylan e com roteiro co-escrito por Sam Shepard, em sua época de lançamento adquiriu a fama de ruim e sem nexo.
Scorsese também traz Sharon Stone dando um depoimento tão divertido como fake sobre seu trabalho na caravana aos 17 anos de idade, bem como o do deputado interpretado por Michael Murphy, que teria ido ao show para agradar o então colega congressista Jimmy Carter.
O filme também serviu como uma ótima desculpa para abrir um cofre de gravações preciosas, lançadas agora em um box com 14 CDs, de apresentações da turnê, gravadas ao vivo.
Dylan, um dos maiores artistas do século XX chega aos cinemas em “Rolling Thunder Revue: a Bob Dylan Story” no ápice de sua carreira como o líder de uma verdadeira celebração da arte e da poesia.
Adriana Maraviglia
@drikared
Assista ao trailer de “Rolling Thunder Revue: a Bob Dylan Story” que já está disponível na Netflix