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No novo livro de Paulo Coelho, a trágica vida de Mata Hari

Ao longo da história humana, principalmente depois que nossas sociedades se fecharam ao redor da autoridade patriarcal, mulheres fortes e decididas passaram a ser vistas com desconfiança e desprezo.

Torturadas, expulsas da sociedade, queimadas como bruxas, o destino destas mulheres quase sempre foi trágico. E é o destino trágico de uma destas mulheres que o autor Paulo Coelho usa como tema em seu novo livro “A Espiã”.

A personagem real deste destino, a holandesa Margaretha Gertruida Zelle, depois de um casamento desastroso, abandonou o marido e foi viver em Paris, onde se transformou em uma dançarina exótica, que ganhou a atenção do mundo, usando o nome artístico Mata Hari.

Tornando-se amante de muitos homens poderosos e circulando entre a aristocracia, ela passou a ser uma artista conhecida e influente em toda a Europa, mas as coisas vão se complicando, depois do início da Primeira Guerra Mundial, e ela acaba sendo presa e executada por um pelotão de fuzilamento do exército francês, em outubro de 1917, depois de ser condenada a morte por espionagem.

Em “A Espiã” os passos que levam a este desfecho são relatados em uma longa carta ficcional escrita pela própria Mata Hari às vésperas de sua execução e os leitores podem apreciar outros aspectos de seu drama na carta endereçada a ela, escrita pelo advogado que a defendeu durante o processo.

A edição é enriquecida por fotos e documentos da época, que ilustram o livro, ajudando os leitores a perceberem ainda mais o drama real.

E, como não poderia deixar de ser, em um livro do Paulo Coelho, as cartas contem alguns daqueles pequenos comentários filosóficos que tanto fascinam os fãs do escritor e tornaram célebres suas obras em todo o mundo.

Embora aqui e ali ainda sejam encontrados pequenos deslizes, que só uma revisão apressada e superficial justificam, o grande mérito de “A Espiã” é o de trazer de volta a atenção do mundo essa enorme injustiça cometida contra uma mulher, em um mundo machista.

Acima de tudo, fica a esperança de que histórias como a dela nunca mais se repitam, afinal já se usou demais a Justiça para destruir pessoas inocentes, só porque elas desafiam algumas regras morais de uma sociedade cada vez mais hipócrita.

Adriana Maraviglia
@drikared

A Espiã – Paulo Coelho – Editora Paralela – 183 páginas – preço sugerido 29,90 reais – também disponível na versão e-book

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