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A Natureza, em “O Regresso”, é fonte de horror e contemplação

Tudo neste novo filme do cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu é brutal. E os poucos seres humanos que se atrevem a tentar viver em um ambiente que não podia ser mais hostil, precisam lutar entre eles e contra as condições que encontram pela sobrevivência, em uma região isolada e desafiadora.

O que vemos na tela é a história de Hugh Glass (Leonardo Di Caprio), o guia responsável por ajudar um grupo de caçadores de peles, em 1820, em uma área perigosamente sujeita a ataques de indígenas, nas geladas fronteiras com o Canadá.

Depois de um violento ataque de uma tribo de índios, interessada em saquear as peles, os poucos sobreviventes do grupo decidem retornar ao forte mais próximo, mas tudo se complica quando Glass é atacado por um imenso urso e fica à beira da morte.

Sem condições de continuar acompanhando o grupo, Glass é deixado para trás, junto com três homens, que tem a missão de dar a ele, um herói que os salvou tantas vezes, um enterro decente, mas John Fitzgerald (Tom Hardy), um desses homens, tem outros planos e sua crueldade desperta em Glass a força necessária para sobreviver e literalmente arrastar-se por quilômetros, em busca de vingança.

A luta pela sobrevivência de Glass chega a ser aflitiva para os espectadores, tudo ao seu redor é tremendamente cruel e chega a ser surpreendente que Iñárritu tenha escolhido adaptar o romance homônimo de Michael Punke, quando sua transposição para o cinema representa uma missão tão desafiadora, que colocou equipe técnica e elenco em locais isolados, sob baixíssimas temperaturas.

Para dificultar um pouco mais, Iñárritu optou por filmar quase tudo em plano sequência, o que ajuda a colocar o espectador bem no meio de toda a ação. A respiração de Di Caprio, filmado em close fechado, chega a embaçar a câmera em algumas cenas.

O resultado das escolhas estéticas de Iñárritu para “O Regresso” é surpreendente, a beleza da fotografia do veterano Emmanuel Lubezki traz para a tela uma natureza que é ao mesmo tempo responsável pelo horror e contemplação nas duas horas e meia de exibição do filme.

E se quase tudo é aflição, resta dizer que o sofrimento do personagem Hugh Glass talvez traga para Leonardo Di Caprio seu primeiro Oscar, depois de 5 indicações, deve mesmo ser difícil negar o prêmio ao ator, quando se sabe de todo o sofrimento que ele teve para exercer sua arte naquelas condições.

No Globo de Ouro o filme levou três dos quatro prêmios a que foi indicado, incluindo os dois mais importantes da noite, de Melhor Filme (Drama), Melhor Diretor e Melhor Ator (Leonardo Di Caprio).

“O Regresso” recebeu ao todo 12 indicações ao Oscar: Direção de Arte, Efeitos Visuais, Mixagem de Som, Edição de Som, Maquiagem, Figurino, Edição, Fotografia, Ator Coadjuvante (Tom Hardy), Ator (Leonardo Di Caprio), Direção e Melhor Filme.

Adriana Maraviglia
@drikared

Assista ao trailer de “O Regresso”:

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