Da mesma maneira que suas heroínas, a escritora Jane Austen enfrentou muitas das convenções de sua época lutando em busca do final feliz que todas alcançaram em sua obra, mas que infelizmente, a autora não conseguiu para si mesma.
É nesta premissa que se baseia o roteiro de “Jane Austen Regrets” (2008), um filme para a TV produzido pela emissora BBC 1, que já está disponível em DVD importado e faz parte da coleção “Jane Austen´s Sense & Sensibility Collector´s Set”.
O foco desta biografia é nos últimos anos de vida da escritora, que morreu em 1817, aos 41 anos de idade, depois de passar por um longo período doente.
Dirigido por Jeremy Loving, o filme é um verdadeiro achado para quem se encantou pelo romantismo de “Amor e Inocência” (2007), mas sentiu nele a ausência de melhores explicações para o fato de uma mulher que tanto valorizou o amor, descrevendo-o em sua obra como a maior das realizações humanas, aquela que tem força para vencer tudo; acabou sozinha, de uma forma tão melancólica; em uma época e sociedade em que permanecer solteira tinha um peso enorme e significava uma verdadeira condenação social para uma mulher.
O roteiro, desenvolvido por Kevin Hood, foi baseado na correspondência entre Jane (Olivia Williams), sua irmã Cassandra (interpretada por Gretta Scacchi) e sua sobrinha Fanny (Imogen Potts) e mostra a escritora como uma mulher inteligente, que tem uma visão muito clara e crítica e por isso é muito bem resolvida, apesar de sofrer com as restrições que suas decisões significavam.
Mas as piores críticas partem da própria casa da autora, sua mãe interpretada por Phyllida Law, mostra-se um “poço de amarguras” sempre despejando suas frustrações sobre a filha, a quem acusa de ser a causa de tudo de ruim pelo que passa e passou a família.
Uma atitude que deixa clara para qualquer pessoa a razão das mães mostradas em seus livros serem, em geral, figuras tão negativas.
As diversas chances que Jane teve para casar-se são mostradas em flashback e entre elas, um relacionamento com o Reverendo Brook Bridges (Hugh Bonneville) chama atenção por ser o mais próximo do que poderia ter sido um casamento bem sucedido; mesmo assim, a autora deixa claro que não conseguiria abrir mão de suas obras para viver ao lado de ninguém, nem mesmo de seu grande amor. Gerações e gerações de ávidos leitores agradecem.
Adriana Maraviglia
@drikared
Confira o trailer de “Miss Austen Regrets”:
Texto publicado originalmente no blog Planeta Cinema
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