Cinema

Sob a sombra do Mestre do Suspense

 

O Mestre do Suspense sempre fez as coisas de uma forma diferente e já chamava atenção por seu estilo único com seus primeiros filmes mudos realizados na Inglaterra, na década de 20. Mais tarde, já trabalhando em Hollywood, seus filmes fariam escola influenciando todo o cinema que se fez desde então e mais especialmente remoldando completamente o suspense.

Não é por acaso que o mundo inteiro refere-se ao cineasta como mestre, Alfred Hitchcock levou a arte de assustar o público a um outro patamar. Com uma extensa obra de 67 filmes, realizadas até sua morte, em 1980, ele nunca precisou cair no terror explícito e ainda assun, criou algumas das cenas mais assustadoras da história do cinema.

Começando sua carreira em 1922, com o filme “The Number 13”, que não chegou a finalizar e ainda permanece inédito; o cineasta mudou-se para os EUA em 1939 e lá fez seus filmes mais consagrados como “Janela Indiscreta” (Rear Window – 1954), “Um Corpo que Cai” (Vertigo – 1958) e “Psicose” (Psycho – 1960).

Menos populares, mas não menos geniais “Rebecca” (1940), “O Correspondente Estrangeiro” (Foreign Correspondent – 1940) e “Quando Fala o Coração” (Spellbound – 1945) são apenas alguns exemplos de uma fase brilhante de sua obra que costuma ser deixada de lado, muito mais por serem filmes mais antigos, ainda em preto-e-branco, e bem mais difíceis de encontrar nas locadoras.

E falando nestes filmes mais antigos, algumas produções da chamada fase britânica de Hitchcock foram refeitas nos EUA, como “O Homem que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much – 1934), que recebeu uma nova versão homônima em 1955 estrelada por James Stewart e Doris Day.

Os atores que participaram dos filmes de Alfred Hitchcock merecem um capítulo a parte em sua obra. Existe uma lenda que o mestre tratava muito mal seus astros, mesmo assim, grandes nomes do cinema estrelaram os filmes do cineasta como Cary Grant, James Stewart, Gregory Peck, Rod Taylor e Ray Milland, mas sua escolha por belas atrizes acrescentaria mais uma polêmica a sua lenda, a de ter fetiche por mulheres louras e gélidas como Grace Kelly, Ingrid Bergman, Tippi Hedren e Janet Leigh.

Como todo gênio, Hitchcock também tinha sua dose de excentricidades, uma delas adicionou a seus filmes uma atração extra, a de encontrar a cena em que o diretor faz sua aparição, sempre sem falas e de forma muito criativa, que funcionava como uma espécie de assinatura, o mestre pode ser visto perdendo um ônibus em “Intriga Internacional” (North by Northwest – 1959) ou passeando com cãezinhos logo nas primeiras cenas de “Os Pássaros” (The Birds – 1963).

Muitas coisas que se vêem em filmes de outros cineastas importantes como Brian de Palma, Francis Ford Copolla e até Steven Spielberg foram influenciadas por sua maneira peculiar de filmar e até mesmo o uso que fazia da música para marcar suas cenas mais assustadoras acabaria tornando-se algo muito presente no suspense desde então.

E às vezes esta influência vai mais além, para se ter uma ideia, basta dizer que no ano de 2008, a produtora Dreamworks de propriedade de Steven Spielberg chegou a ser processada pelos herdeiros de Alfred Hitchcock por plágio, dadas as inúmeras semelhanças entre o filme Paranóia (Disturbia – 2007) e Janela Indiscreta.

O que não dizer de outro caso marcante, o do diretor Brian de Palma que na década de 80 fez em “Dublê de Corpo” (Body Double-1984) inúmeras citações muito claras aos maneirismos do mestre, conseguindo como resultado um excelente thriller considerado até hoje um dos melhores filmes do diretor.

Em 1998, uma outra experiência reverenciou mais uma vez o talento do diretor: o remake cena-a-cena de Psicose, pelo diretor Gus Van Sant, com Anne Heche e Vince Vaughn como Marion Crane e Norman Bates.

Até no recente “A Ilha do Medo” (Shutter Island – 2010), do diretor Martin Scorsese podem ser encontrados ecos muito claros da obra do mestre, seja na utilização da música ou em citações mais explícitas dos grandes clássicos do diretor. Além disso, o filme tem como seu tema principal um medo que nem os personagens, nem os espectadores conseguem definir; o exato “ingrediente” psicológico favorito de Alfred Hitchcock.

Adriana Maraviglia
@drikared

 

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