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Na Estrada do Rock – Uma longa viagem de ida e volta até Dublin por amor à música

Quando se trata de uma paixão, qual é o limite? Uma longa e cansativa viagem, por terra e pelo mar, noites em claro, horas de fila… Vale mesmo tudo para ver uma vez mais aquela banda que consideramos a trilha sonora de nossa vidas?

Tiara Calon, uma seguidora do Whitesnake desde 1973 enfrentou 35 horas de viagem no caminho de ida e volta até Dublin, e conta com detalhes como foi esse caminho longo, mas de muito amor ao Rock!

O Caminho

“Minha viagem começou na quarta-feira, dia 10 de junho, peguei um taxi até o porto de onde saem as balsas, chegando bem a tempo para pegar o catamaran até Portsmouth onde eu embarquei no ônibus até Londres.

Em Londres, fiquei aguardando pela minha conexão até Holyhead/Dublin.

Foi uma longa viagem, no momento em que o ônibus subiu na balsa até Dublin eu já estava exausta.
Cochilar em um ônibus está muito longe de descansar. E as luzes fortes do barco me mantiveram acordada.

Chegada em Dublin

Para a minha surpresa, não me senti tão mal quando cheguei às 06:30 da manhã em Dublin.Embora fosse muito cedo, Ger, um amigo meu, veio me buscar e saímos andando por Dublin, mas era cedo demais até para se conseguir uma xícara de chá! Nossa caminhada nos levou a um lugar que eu sempre quis conhecer… Grafton Street.

Este é o local onde o grande Phil Lynott é lembrado com uma magnífica estátua.

Eu estava bem consciente de que ainda estava usando as mesmas roupas e já parecendo bem cansada….

Chegando lá consegui finalmente minha xícara de chá. Um pouco mais descansada e refeita, pudemos andar ainda mais, Dublin é uma cidade grande, mas o centro dela não é assim tão complicado.

Ger me surpreendeu com uma pequena esticada fora da cidade, até o cemitério onde o Phil Lynott foi sepultado. Eu nunca imaginei que um dia teria o privilégio de ver este local.

Um verdadeiro altar de amor e respeito a um grande homem. Aqueles que não me conhecem direito, podem não saber que o Thin Lizzy (banda de Phil Lynnot), depois do Whitesnake é a banda que eu mais amo na vida.

O túmulo tem muitas flores artificiais, algumas rosas negras (em referência ao disco do Lizzy “Black Rose”) e você também encontrará óculos escuros, fotos, e muitas jóias, especialmente pulseiras da amizade.

Ninguém perturba estes presentes. Também havia rosas vermelhas frescas, imagino que venham da mãe de Phil, Philomena, que mora nas redondezas.

Uma grande experiência, e uma visita emocionante.

E daí chegou a hora de ir para o hotel. Um banho, e daí é só deitar, para um descanso bastante necessário!

Ger e eu marcamos de encontrarmo-nos na cidade, para jantar.

Então a corajosa Tiara pegou o ônibus em uma estação próxima ao Trinity College, encontrando com Ger às 19:30.

Era quinta feira, mas Dublin estava fervendo como qualquer outra grande cidade ferve em um final de semana.

Ger me disse qua aqui a quinta é dia de pagamento, e obviamente, as pessoas têm pressa de gastar dinheiro.

Mais uma caminhada e estamos no centro deste agito, em um dos mais famosos deles, o Temple Bar.

Mas estava tão cheio que não conseguimos nem entrar.
Ali perto, encontramos uma mesa em um bom restaurante italiano.

E daí decidimos queimar andando a pizza e o macarrão e passamos pela ponte 1/2 Penny.

Para chegar em outra parte de Dublin. Com vários pubs e bares, demos uma olhada em alguns deles e Ger sabia exatamente onde estava!

Por fim, fomos tomar uns drinks em um bar de hotel muito bacana chamado Morrison, um atraente hotel de luxo ao lado do rio.

Bastou entrar para dar de cara com Ash Newell, fotógrafo de rock por excelência e meu conhecido desde 2003.

O Ash estava lá para fotografar o Def Leppard, nos disse que os rapazes do Whitesnake estavam hospedados naquele hotel. Mas estavam todos fora, ensaiando naquele momento.

Não estávamos por lá atrás da banda, então procuramos não perturbá-los, quando um pouco mais tarde, Viv Campbell, Reb e Uriah sentaram-se no bar do hotel com um drink para relaxar.

Na hora em que Ger e eu estávamos saindo, o hotel já havia fechado a porta da frente e tivemos que sair pela porta dos fundos.

Já era 1 da manhã e quem chega? Ninguém menos que nosso querido Doug, foi ótimo encontrá-lo, abraçá-lo, trocar algumas palavras e assegurar que nos veríamos novamente após o show.

Taxi de volta ao hotel, para finalmente uma boa noite de sono!

Dia do Show

Na manhã seguinte, o dia do show do WS!! Acordei bem cedo, me preparei e mudei de hotel, agora dividindo o quarto com a Jackie.

Este lugar fica em um lado bacana de Dublin, próximo a O2 e as ofertas online nos permitiram ficar pos lá por um bom preço.

Enquanto a Jackie muda de roupa e se prepara (coisa de mulher..) somos interrompidas por uma mensagem de texto de nosso colega Ronnie, em pânico por não estar conseguindo usar o chuveiro, claro que oferecemos o nosso para ele!

Quando todo mundo ficou pronto, encontramos o Tony e rachamos um taxi até a O2.

Chegando lá, já tinha umas 30 pessoas na fila em nossa frente, barreiras colocadas na rua! E já conseguíamos sentir o vento soprando das docas próximas, não estávamos vestidos para tanto vento, quem estaria? Um show do Whitesnake em Junho!

Enquanto esperávamos, Dani e Fabrizio, que vieram da Itália, Ger e sua namorada Chris e também Gursharan juntaram-se ao nosso grupo… eu descubro que ficar na fila está se tornando cada vez mais cruel, não sei quanto tempo mais minha saúde me permitirá fazer isso…

Esta foi na verdade, uma espera curta, 3:30 hrs, normalmente são mais de 5 hrs.

Às 5 da tarde, as portas finalmente se abrem e o frenesi costumeiro começa… corrreeeeeee… não corre… bom todo mundo faz isso… muito difícil chegar na primeira fila, as 3 portas se abriram ao mesmo tempo.

Nós tínhamos o já familiar palco do Def Leppard armado a nossa frente, com aquela passarela na direção do público, então, mesmo sem chegar na frente, no centro, estamos felizes por conseguir um lugar nos ferros, do lado do Doug!

O Show

A primeira banda da noite foi o TESLA, uma banda americana formada em 1984, na California.
Seu disco mais recente chama-se “Forever More”

Pessoalmente, a apresentação de 30 minutos deles não me impressionou, ou digamos assim, falhou no sentido de me animar ou me deixar a fim de ver mais.

Eles não são certamente uma banda ruim, são esforçados e eram bem poucos os fãs do Tesla por lá naquela noite.

Não fazem meu tipo de som, mas boa sorte para eles mesmo assim.

O próximo show era do Journey; eles estão com um “novo” vocalista Arnel Pineda é com certeza muito bom e isso não foi uma surpresa.

O Journey o escolheu em dezembro de 2007 e além de cantar bem tem uma grande presença de palco.

Para mim, um pouco demais. Demorou um pouco para o Journey contagiar a plateia, embora eles tenham acertado a mão quando começaram a tocar os hits como “Wheel in the Sky”, lembrando de grandes discos como “Revelation” e “Departure”.

Quando eles começaram a tocar “Don`t stop believin`” a O2 estava conquistada!

E merecidamente, Neil Schon é uma verdadeira lenda do Rock, embora eu não me considere uma fã do Journey, admito que eles criaram algumas canções maravilhosas e eu me considero uma fã das canções.
Eles não desapontaram, fizeram um ótimo show.

Agora é a hora! Meninos e meninas, chega o momento pelo qual vim até aqui, viajei tantas horas e fiquei aqui, de pé, esperando tanto tempo (minhas costas/pernas/ombros e cabeça já estão doendo bastante agora)

O som familiar de “My Generation” do The Who enche a arena , e tudo o que sabemos é que o Whitesnake estará aqui em um minuto! Sorrisos crescem, corações batendo mais rápido, chegou a nossa vez…

As luzes se apagam, gritos enchem a arena e ali estão eles, David lidera os rapazes no palco, para uma recepção fantástica!!

Este sempre foi o momento da verdade, depois de 31 anos seguindo a minha banda, eles ainda me causam arrepios quando chegam ao palco.

A própria presença deles não pode ser colocada em palavras. Ganho o primeiro sorriso do David da noite! E eles começam a tocar “The Best Years”.
Em algumas apresentações tenho a impressão de que as novas músicas não são tão bem recebidas quanto as clássicas, mas nesta noite, aqui em Dublin, a plateia parece conhecer bem o novo disco, canta junto como qualquer bom “coro do Whitesnake” faria, bem impressionante.

David está fabuloso em minha opinião pessoal, melhor do que em 2008! Na verdade todos parecem muito bem! Eu tenho 54 anos, mas não estou morta…

Ele conversa com a plateia logo no começo do show, David nos conta que como o tempo daquela noite é curto e precioso, ele dará preferência ao máximo de músicas que puder e isso significa que perderemos aquele nosso querido bate-papo com o público, que é uma parte interessante de todas as noites com os Snakes.
Para mim, uma decisão “agridoce”, pois o jeito que o David lida com o público é muito precioso para nós e sentimos falta disso imensamente quando não acontece.

Tem o público nas mãos, de verdade, ele pisca, sorri, acena… como sempre, nos fazendo crer que fomos vê-lo apenas por isso, como se cada canção estivesse sendo tocada especialmente para cada um de nós.

Doug também está arrasando, parece tão confortável e feliz naquele palco, que é um prazer vê-lo.

Uriah está se divertindo, sempre na frente do palco, revelou-se outra ótima adição.

Timothy soa fantastico, esse cara tem uma voz tão boa, que bom que ele faz backings, e seu sorriso ilumina a arena.

Reb também parece muito feliz, soando fantástico, o duelo de guitarras foi um dos melhores momentos, mostra o estilo destes dois grandes músicos, brilhante.

Chris teve pouco tempo para seu solo de bateria, mas foi suficiente para que apreciássemos seu estilo e suficientemente curto para não tirar o foco do set mais curto.

Para mim os melhores momentos da noite foram “Guilty of Love” e “Here I go again” ambas cantadas por toda a O2 Arena.
Eu, por minha vez, fiquei orgulhosa como uma mãe que observa seus filhos brilhando.

Fiquei triste que a versão acústica de “Ain`t gonna cry no more” saiu da setlist, mas o show seria um pouco mais curto naquela noite e algumas canções precisavam sair.

Quando os rapazes começaram a tocar “Still of the Night” ainda não estávamos prontos para ir embora e sem “Soldier of Fortune” de novo por falta de tempo.

Quando os rapazes se curvaram agradecendo ao som de “We Wish You Well”, eu sabia que tinha acabado de ver um grande show, com uma poderosa performance vocal de David Coverdale (não deixe ninguém dizer ao contrário) e sim, mais do que valeu, minha viagem, minhas dores, meus problemas….

Então era isso, quanto 75 minutos podem voar rápido quando você está curtindo tanto cada segundo…

Depois do Show

Tony, Jackie, Chris, Ger, Ronnie e eu tivemos a sorte de ganhar uns passes para o backstage e sem desmerecer os Leppards, para nós a possibilidade de passar mais algum tempo com os rapazes sempre ganha.

Depois de alguns problemas envolvendo a segurança e após lutar por quase 20 minutos, fomos finalmente escoltados ao elevador que leva à area do aftershow, um bar do local.

Tivemos a sorte de passar alguns minutos com Doug,Timothy, Uriah, e trocar algumas palavras com o Chris.

Até tiramos algumas fotos. Embora para mim, tirar fotos não seja mais uma prioridade e eu tenha a sensação de que estou apenas conversando com amigos, que me conhecem e parecem confortáveis em minha companhia, só isso para mim já é fantástico.
Eu posso até ter perdido em fotos, mas ganhei em beijos e abraços.

Depois de um tempo considerável, nos separamos e é claro, que quando saimos do bar “we`ll meet again” já soava nos alto-falantes da O2, significando que o show do Def Leppard tinha terminado.
Isso significa que estávamos presos agora em milhares de corpos se movendo.

Finalmente fora da arena, dizendo tchau para algumas pessoas, pegamos o taxi de volta para nosso hotel, sem comer o dia inteiro, estou com muita fome.

Mas é tarde demais para achar qualquer coisa boa, encontramos só uma pizzas engorduradas, o cheiro era tão forte que mesmo com fome, não consegui comer nada. (perdi mais algumas gramas ao menos)

De volta aos nossos quartos, demoraria algum tempo ainda para conseguir dormir, bastante dolorida e de algum modo, esse show não foi suficiente! Eu queria muito mais!

A hora de voltar para casa

No dia seguinte, nos encontramos para dar uma volta em Dublin, de novo, já que meu ônibus só sairia de lá às 8:15 da noite, ou pegando voos bem mais tarde.

Então, de volta a Grafton Street e ao túmulo do Phil, para que o resto do grupo pudesse também conhecer estes lugares.

Nós curtimos um ótimo almoço no centro de Dublin.
Meus agradecimentos novamente ao mais do que generoso amigo GER!
Mais tarde, nos despedimos na estação de ônibus, todos nos divertimos muito e fizemos novos amigos.

E prometemos nos encontrar novamente assim que possível. Meu ônibus estava no horário e a viagem de volta seria mais longa, já que teria que esperar por mais tempo em Londres.

A viagem de volta foi mais dura, bem mais difícil que a de ida, talvez porque eu sabia que tudo tinha acabado.

Depois de 18:30 hrs eu cheguei no “solo nativo” na Ilha de “Wightsnake” cansada como nunca, mas sabendo que esta curta aventura irlandesa tinha valido muito a pena e sabendo mais ainda que faria tudo de novo para ter uma chance de ver novamente minha banda porque ela significa tudo para mim.

Obrigada Whitesnake por ser tão maravilhosamente brilhante, vou guardar estas lembranças até o final dos meus dias e espero dizer novamente, em breve, estas palavras: Here I Go Again!

Tiara Calon
@revistaeletricidade


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