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Os Deuses da Índia

Com o sucesso da novela Caminho da Índias, cresce o interesse por conhecer pelo menos um pouco da riquíssima civilização daquele país.

A Revista Eletricidade fez uma pequena pesquisa e traz para você uma ideia dos Deuses que são cultuados por lá:

História

Uma das 3 civilizações mais antigas do mundo, a Índia tem uma cultura rica e diversificada que inclui a terceira religião em número de adeptos no mundo; em um país com 1,1 bilhões de habitantes, a grande maioria, pelo menos 750 milhões, seguem o Hinduísmo.

Sem um líder ou fundador, a religião é tão antiga quanto a civilização e se originou de uma tradição oral que remonta a ocupação do Vale do rio Indus, por volta do ano 7000 AC.

Não há muitos detalhes sobre essa fase da Índia, já que a História só passou a ser registrada a partir da invasão dos árias ou arianos (nobres, em sânscrito), que vindos do sul da Rússia, eram um povo mais desenvolvido que levou para a Índia a utilização dos cavalos, o conhecimento do ferro, o próprio sânscrito e um sistema social que dividia a população em castas: brâmanes (sacerdotes ou nobres), xátrias (guerreiros), váxias (mercadores), sudras (camponeses ou trabalhadores braçais) e os párias (intocáveis, sem nenhum direito na sociedade).

Além disso, os arianos trouxeram os Vedas (saber, em sânscrito), uma série de tradições orais que foram compilados mais tarde em 4 livros: “Rig-Veda” (veda das estrofes), “Yajur-Veda” (veda das fórmulas sacrificiais), “Sama-Veda” (veda dos cânticos) e “Arthava-Veda” (veda das receitas mágicas).

Cada um destes livros versava sobre um dos aspectos da religião e como era muito comum na época, também continham as bases legais que regiam e organizavam a sociedade.

Como religião, o Vedismo se caracterizava pelo culto das forças da natureza personificadas em Deuses, chamados de Devas (brilhantes, em sânscrito), onde eram muito comuns os sacrifícios de grãos, mel e animais.

Vem daí o início do culto à vaca como animal sagrado, como um símbolo da criação. A vaca é considerada uma encarnação da Deusa Mãe, aquela que gera e com seu leite mantém a vida.

Sempre evoluindo, o Vedismo daria origem mais tarde ao Bramanismo, uma religião filosoficamente mais elaborada onde as divindades começam a tomar aspectos mais complexos.

Surge o conceito de Brahman, o absoluto, uma divindade sem forma, que teria criado o universo a partir da emissão de um som: o OM.

Para os hindus, Brahman é e está em tudo e sua descrição está muito próxima a do “Tao”, do Taoísmo de Lao-Tsé.

Para os sacerdotes, Brahman é o Deus Supremo, mas como em sua forma original é quase inexplicável, para fins didáticos foi dividido em 3 aspectos; a chamada Trimurti composta por: Brahma (criador), Vishnu (protetor) e Shiva (transformador)

Cada um destes aspectos acabariam transformando-se em deuses dentro do imaginário popular e mais tarde o próprio Bramanismo evoluiria e originaria o Hinduísmo.

Os adeptos do chamado Sanatana Dharma (lei cósmica universal sem origem definida) adotaram como textos sagrados os Vedas, os Bramanas e os Upanishads, textos filosóficos que foram compilados entre 800 e 300 AC.

Os chamados Upanishads trazem além de considerações filosóficas e formas de cultos religiosos, os primeiros textos de caráter científico sobre matemática, astronomia e medicina, entre outras ciências.

Mais tarde, o Hinduísmo incorporaria mais livros como o Puranas (livro das lendas antigas), o Sutras (que contém detalhes rituais), o Mahabarata (uma coletânea de lendas que inclui o Baghavad Gita, ou Canção do Divino Mestre e o Ramayana, além dos Tantras (que reúnem um misticismo mais primitivo adotado pelas classes mais pobres).

Os Deuses e suas consortes

Vale ressaltar que na Índia o aspecto feminino tem uma grande importância e assim cada um dos Deuses tem sua consorte: Saraswati é a deusa da sabedoria e esposa de Brahma, Lakshmi é a deusa da abundância e esposa de Vishnu e Parvati é a deusa da energia e esposa de Shiva.

No Hinduísmo, outro conceito importante é o da reencarnação; o atman, equivalente a ideia de alma no ocidente, é eterno e o núcleo da vida. Este atman necessita de experiências e aprendizado, assim, está preso a uma roda de diversas vidas até atingir Kaivalya, a libertação que é a maior busca do Hinduísta.

Também originárias do Hinduísmo, as noções de Dharma (dever) e Karma (ação), têm significados bem diferentes daquilo que pensam os ocidentais.

Especialmente a palavra Karma recebeu no ocidente uma interpretação bastante errônea, em seu contexto original ela perde seu aspecto de dívida por atos anteriores e pode ser comparada à terceira lei de Newton, da física mecânica, que diz que “toda ação corresponde a uma reação de mesma intensidade, mas na direção contrária.”

Símbolos e lendas

As próprias figuras dos Deuses incorporam diversos simbolismos, a pele azul, por exemplo representa o meio onde eles vivem, sendo seres celestiais, têm a mesma cor do céu.

Já os quatro braços significam sua capacidade de agir e tocar todos os elementos.

Para o Ocidente algumas destas figuras podem parecer assustadoras: as najas, talvez a espécie de cobras mais temida pelos seres humanos, aparecem em algumas representações de Shiva, como um símbolo de sabedoria; um animal que rasteja pelo chão mas ganha a capacidade de erguer-se, indo na direção dos céus, ao mesmo tempo em que a área próxima de sua cabeça, se amplia.

O tridente de Shiva, associado por muitos cristãos ao tridente do diabo, simboliza os 3 Nádis, ou canais por onde sobe a energia da Kundalini: Ida, Pingala e Sushumna.

Algumas vezes, para ajudar no progresso da humanidade, alguns dos deuses encarnam como seres humanos; a estas encarnações dá-se o nome de Avatares: Vishnu já esteve na terra como Krishna e Rama, personagens centrais das obras Baghavad Gita e Ramayana; Brahma veio como Vyasa, considerado o autor do Mahabarata e Shiva foi Shankara, o formulador do Vedanta, e Babaji, o pai da Kryia Yoga.

Outro deus que nós ocidentais temos grande dificuldade para compreender é Ganesha, representado como uma figura humana, com cabeça de elefante.

Conta a lenda que ele seria filho de Shiva e Parvati, um garoto tão bonito, que ninguém conseguia prestar atenção em sua sabedoria.

Shiva então, teria cortado sua cabeça e a substituído pela de um elefante, para que as pessoas não perdessem mais tempo com as aparências e buscassem logo nele o crescimento espiritual que tinha a oferecer.

E por falar em crescimento, Ganesha é representado com apenas uma de suas presas de marfim, a outra, ele teria retirado e oferecido a Vyasa, para que ele a usasse como uma caneta para escrever o Mahabarata.

Desta forma, além de tornar-se o grande removedor de obstáculos do caminho espiritual, o deus com cabeça de elefante também tornou-se o protetor dos escritores.

Adriana Maraviglia
@drikared

Fontes:
Revista Coleção Grandes Religiões do Mundo – Hinduísmo
Wikipédia
Anotações dos cursos Hinduísmo e Orientalismo – IPPB – www.ippb.org.br

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