Documentário sobre guitarras reúne ícones de três gerações
|A guitarra, que tem estado na berlinda muito mais por sua versão brinquedo, no jogo “Guitar Hero”, do que pela música que tem sido feita com ela ultimamente ganha uma atenção inesperada no documentário “A Todo Volume”.
Dirigido pelo especialista em documentários Davis Guggenheim, que tem em seu currículo, o premiado “Uma Verdade Inconveniente”, o filme alterna entrevistas, imagens de arquivo, divertidas sequências em animação e um passeio por cenários relacionados a história de ícones de três gerações, Jimmy Page, The Edge e Jack White representam, cada um em um momento, a continuidade do fascínio que a guitarra tem exercido nos últimos 60 anos sobre a própria cultura ocidental.
E este fascínio é mostrado desde os créditos de abertura do filme, que mostram a beleza do instrumento, como objeto de desejo, suas formas e curvas aparecem em cada ângulo possível.
Os três músicos, cada um, em seu estilo e com sua sonoridade particular, reconhecível ao primeiro acorde, contam sua experiência com o instrumento, mostrando ainda cenários que fizeram parte dessa história, como a escola em que os membros do U2 se conheceram e a fazenda onde foi gravado “Led Zeppelin IV”, tido até hoje como o mais importante disco da banda.
Da história, contada por Page, de como ainda na infância, ele se encantou com a moda do skiffle e passou a tocar este ancestral do rock, parente próximo do jazz e do blues, em uma banda de garotos, como ele; até mais tarde, quando teve que deixar a música para frequentar a escola de arte e lá reencontrar-se mais uma vez com a música até trechos de apresentações de White com os Racounters, o documentário monta um painel para lá de interessante sobre a história e o estilo destas três figuras que certamente influenciam e continuarão influenciando a música que se fará no futuro.
Dividindo experiências, truques e, é claro música; e logo chega o momento de vê-los tocando juntos em uma Jam, realizada em galpão de um estúdio em Los Angeles, sem qualquer cenário ou glamour, os três dividem microfones e amplificadores, com uma clara reverência de The Edge e White, pelo “mestre” Page, que neste filme aparece com os cabelos todos brancos, quase evocando a figura de um daqueles grandes compositores clássicos de séculos passados.
Lindo de ver como os dois mais jovens parecem emocionados quando Page solta os primeiros acordes de “Whole Lotta Love”, difícil deixar de embarcar na emoção deles, ao ver os olhinhos do quase sempre tão calado The Edge brilhando, enquanto acompanham os movimentos do “mestre”.
Sei que os tempos são bicudos para a indústria fonográfica e que está difícil de vender discos por aí, mas acredito que este documentário mereceria ter sua trilha sonora lançada no mercado, seria item obrigatório, como, por sinal, é o próprio documentário, que deve ser visto por quem ama o rock ou por quem tem algum interesse em saber mais um pouco sobre o seu mundo fascinante.
O filme foi produzido em 2008 e exibido durante a Mostra de Cinema de São Paulo, em 2009, o filme estreou no dia 29/01 em pouquíssimas salas. É melhor ser rápido para conseguir assistir.
Adriana Maraviglia
@drikared
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