Documentário sobre a banda Depeche Mode coloca os fãs sob os holofotes

No documentário sobre a banda Depeche Mode, que teve uma exibição mundial na noite de quinta-feira, em diversas cidades ao redor do mundo, a grande atração não é a banda britânica, como de costume, quebrando tudo no palco com sua música, mas seus fãs que vem de diversas partes do mundo para mais uma vez sentirem-se próximos dessa música.

O fotógrafo/cineasta holandês Anton Corbijn, responsável por uma boa parte dos videoclipes da carreira do Depeche, desvia os holofotes do palco para apontá-los na direção de seis rostos da plateia que vieram das mais diversas partes do mundo para verem seu grupo favorito na belíssima arena Waldbühne, rodeada pelas árvores de um parque, em Berlim e construída com inspiração nos anfiteatros da Grécia antiga para abrigar atividades das Olimpíadas de 1936, em pleno regime nazista.

A ideia era a de mostrar como cada um desses fãs, que só tem em comum o amor pela música do Depeche Mode, foi afetado por essa música.

Cada um com sua história, seis pessoas de origens muito diversas foram escolhidas para contar suas histórias, de Indra, uma garota que vive com a avó, na Mongolia e aprendeu a falar um inglês perfeito assistindo a programas na TV e colecionando os velhos vinis do Depeche Mode que herdou do pai,  a Dicken, um músico colombiano divorciado que criou em 2010, com os filhos pequenos, a mais fofa banda cover que o Depeche Mode já teve.

O documentário tem até um brasileiro, Daniel, foi viver na Europa para esconder dos pais sua homossexualidade e encontrou nos amigos que fez ao redor do mundo, fãs da banda como ele, a força que precisava para seguir uma vida sem mentiras. 

Com 40 anos de carreira e 100 milhões de discos vendidos, o Depeche Mode passou 2017 e 2018 na estrada, levando sua Global Spirit Tour, a mais longa de sua carreira, com 130 shows, incluindo os dois shows em Berlim, filmados pela equipe de Corbijn, que encerraram a turnê, em julho de 2018.

Com casa cheia, a banda se lança com a energia que os fãs já conhecem muito bem em versões inesquecíveis e emocionantes de clássicos como “Precious”, “Walking In My Shoes”, “Personal Jesus”, “Enjoy the Silence” e até “Heroes”, prestando uma homenagem arrepiante a David Bowie. 

Mas também, com Dave Gaham olhando fundo nos olhos de seu público, enquanto cobra que reajam aos absurdos que vivemos nos últimos tempos em “Where’s the Revolution”, música do álbum “Spirit” (2017). 

E tudo fica ainda mais irresistível em “Just Can’t Get Enough”, já no finalzinho do filme,  e aquela vontade de sair cantando e dançando no cinema, se torna ainda mais difícil de controlar.

No final, o documentário não chega a oferecer uma explicação para o amor do fã, nem se aprofunda tanto assim na vida deles, mesmo assim, para aqueles apaixonados por Depeche Mode que aproveitaram a oportunidade de assisti-lo em 70 países, onde foi exibido em mais de 2400 cinemas, a noite do dia 21/11 ficará guardada na memória com carinho, como aquela em que eles viram outras versões de si mesmos na tela grande.

Adriana Maraviglia
@drikared

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