Robert Plant apresenta novo show em Londres

ROBERT PLANT - PHOTO BY REVISTA ELETRICIDADENo mesmo dia em que o novo disco solo, “Lullaby and… The Ceaseless Roar” chegava às lojas do mundo inteiro, Robert Plant levava a sua banda Sensational Space Shifters para uma apresentação muito especial, em um cenário bastante significativo, que fez parte da história do Led Zeppelin e da história de sua própria vida.

A Roundhouse é um belíssimo prédio histórico construído no século XIX para permitir que as locomotivas do sistema ferroviário da cidade fossem manobradas e depois de algumas décadas de abandono foi revitalizado e durante a década de 60 passou a receber bandas importantes em seu palco como The Doors e o próprio Zeppelin que tocou por lá em 1968.

E talvez por causa das velhas lembranças, o Led Zeppelin ocupou a metade da setlist, das 12 músicas levadas ao palco da Roundhouse, seis faziam parte do repertório da banda que terminou em 1980, depois da morte do baterista John Bonham.

Mas antes de pular para as piores conclusões é preciso afirmar que as versões apresentadas por Plant não tinham quase nada em comum com as que nos acostumamos a ouvir nos discos e shows de sua antiga banda.

Até mesmo clássicos como “Thank You” e “Black Dog” aparecem com arranjos diferenciados, a primeira, uma das baladas mais românticas de toda a carreira do Zeppelin ganha toques psicodélicos e a segunda recebe a mesma inusitada roupagem africana com que tem sido apresentada nos últimos dois anos pela banda, mas desta vez com um extra de energia na voz de Plant, que tem voltado a trazer sua persona mais rock n’ roll ao palco e oferecido interpretações bem menos contidas depois de um longo tempo de experimentações pelo universo da música americana.

E se existe algo constante, na sempre camaleônica obra de Plant são estas experimentações, no novo disco, um retorno às suas raízes mais profundas de cultura e tradição celtas, a ousadia reside na mistura provocada pela constante obsessão do cantor com a música árabe e do norte da África. Cercando-se de músicos experientes dentro do pop britânico e da world music, provocando uma inusitada colisão de tradições completamente diversas com um resultado totalmente harmonioso, graças ao meticuloso trabalho de produtor exercido por Plant no estúdio e também aos dois anos de convivência na estrada da banda, que o tem acompanhado pelo mundo afora.

Formada por multiinstrumentistas a banda que acompanha o cantor é por si mesma capaz de criar a sonoridade exótica que Plant sempre perseguiu em toda a sua carreira pós-Zeppelin e no palco, os guitarristas Justin Adams e Liam “Skin” Tyson, o baixista Billy Fuller, o baterista Dave Smith e o tecladista Jon Baggott receberam a adição do multiinstrumentista e griot africano Juldeh Camara.

Vale aqui lembrar que o charmoso pandeiro que o cantor costumava tocar durante as muitas apresentações do Led Zeppelin, uma das marcas registradas do cantor, junto com a camisa aberta mostrando o peito nu e as calças super apertadas, agora deu lugar a um grande tambor árabe, que ajuda a marcar o ritmo e aumenta ainda mais o poder de ataque da banda, nos segmentos em que a percussão afro-árabe dá o tom.

Já que falamos nesta nova fase, as quatro músicas do novo disco, soaram muito bem ao vivo, reafirmando a qualidade do trabalho, que tem sido visto por muitos críticos como o melhor de toda a sua carreira solo.

Mas é quase impossível deixar de sentir um arrepio percorrendo a espinha, quando se reconhece, logo nos primeiros acordes a fantástica “No Quarter”. Um dos pontos altos de muitas apresentações tanto do Zeppelin, como da turnê conjunta de Plant e Page, em meados da década de 90, recebe um arranjo, que a faz perder-se completamente da metade para o final.

E este costuma ser o problema com mexer com os grandes clássicos. Embora Plant tenha todo o direito de fazê-lo, já que de alguma forma participou de sua criação, talvez não seja mesmo a melhor atitude. Sinceramente, eu preferiria que ele fizesse de uma vez por todas as pazes com seu passado, ao invés de apenas tentar fugir dele, mudando coisas que não podem, nem devem ser mudadas.

Transmitida pela web para o mundo inteiro, a apresentação fez parte do “itunes Festival 2014”, uma série de shows que acontece em Londres com ingresso gratuito durante todo o mês de Setembro.

Adriana Maraviglia
@drikared


Setlist do show de Robert Plant and the Sensational Space Shifters:

Turn It Up
Thank You
Spoonful
Black Dog
Rainbow
Going To California
No Quarter
Pocketful Of Golden
Babe I’m Gonna Leave You
Fixin’ To Die Blues
Whole Lotta Love
Little Maggie

Assista ao vídeo da música “Turn It Up” filmado na Roundhouse:

 

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