“Trama Fantasma” traz para as telas um romance nada convencional
|O filme “Trama Fantasma” começou a chamar atenção muitos meses antes de seu lançamento, quando seu protagonista, o ator Daniel Day-Lewis anunciou ao mundo que a produção seria seu último trabalho antes da aposentadoria.
Mas de lá para cá, tanto ele, como o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson, continuaram a dar pistas sobre como seria o trabalho, com duas inspirações a moda de Balenciaga e a ambientação do sensacional “Rebecca: Uma Mulher Inesquecível”(1940), do diretor Alfred Hitchcock. O que, pelo menos para mim, tornou o filme ainda mais obrigatório e muito mais do que um simples candidato ao Oscar, uma daquelas obras que provavelmente entrará na minha lista particular de favoritos de todos os tempos.
O ator, que já tem 3 Oscars em sua carreira, um deles ganho em “Sangue Negro” (2007), dirigido por Anderson, mais uma vez, impressiona com sua construção de Reynolds Woodcock, um estilista britânico que atende uma clientela da alta sociedade, durante a década de 50, exatamente quando o país tenta se reerguer e retomar o velho glamour de sempre, depois dos estragos da Segunda Guerra.
Reynolds é um gênio da moda, mas tem uma personalidade complicada e conta com a ajuda de sempre de sua irmã Cyril, brilhantemente vivida por Lesley Manville, que faz a “Casa de Moda” funcionar, deixando Reynolds livre para criar, enquanto mantem o ambiente de acordo com os gostos e exigências do irmão.
Tudo funciona muito bem, até que, no restaurante de um hotel, no interior, aonde vai para relaxar um pouco, Reynolds encontra a mulher de seus sonhos, uma nova musa para seu trabalho e para sua vida, mas Alma (Vicky Krieps) é uma força da natureza e não demora muito a engalfinhar-se com os dois irmãos em uma luta por poder, na mais estranha das relações amorosas, um desfile de estranhezas difícil de digerir.
O diretor Paul Thomas Anderson fez a fotografia com um rigor que provavelmente aumentou ainda mais o encantamento da obra no coração dos cinéfilos e dos críticos de cinema, mas talvez isso não seja suficiente para encher os olhos do público comum, que está sempre atrás de coisas mais óbvias.
Em “Trama Fantasma”, infelizmente, não há nada óbvio, tudo é meio cifrado, quase criptografado e mesmo assim, não deixa de impressionar.
Resta dizer que o filme concorre a seis Oscars: melhor filme, diretor, trilha sonora original, figurino, atriz coadjuvante (Lesley Manville) e ator (Daniel Day-Lewis). No Globo de Ouro, foram só duas indicações a de melhor ator e de trilha sonora.
Será que a Academia vai dar o quarto Oscar a Day-Lewis, um último afago a um ator magnífico, antes da aposentadoria?
Adriana Maraviglia
@drikared
Assista ao trailer de “Trama Fantasma”: