Celebration Day é festa para os olhos e ouvidos

LED ZEPPELIN - CELEBRATION DAY

Agora que existe quase uma certeza absoluta de que a reunião que aconteceu no dia 10/12/07 na O2 Arena, em Londres, foi mesmo a última chance de ver o Led Zeppelin tocando ao vivo, cresce ainda mais a importância de seu registro em áudio e vídeo.

Com 14 câmeras gravando todos os detalhes da noite, incluindo algumas de super 8, posicionadas no meio da plateia, era mais que evidente a intenção de levar a apresentação além, afinal, o interesse por ela levou mais de 20 milhões de pessoas a inscreverem-se no site, disputando seus 18 mil ingressos pela internet; além de empresários oferecerem somas astronômicas para que a banda voltasse a excursionar. Mesmo assim, o processo foi longo e demorou cinco anos para os fãs poderem rever apropriadamente as emoções daquela noite ou senti-las pela primeira vez.

Sem uma justificativa plausível para a demora, além da constatação feita por John Paul Jones durante a coletiva de imprensa de lançamento do trabalho, de que “cinco anos são cinco minutos em se tratando de Zeppelin”; o material deve ir para as lojas a partir do dia 19/11; mas antes disso, ele chega a poucos cinemas a partir do dia 17/10 em apenas algumas exibições programadas ao redor do mundo e se prova grandioso suficiente para encher as telas.


Dirigido por Dick Carruthers, um cineasta experiente no registro de shows e documentários, o filme é econômico quando comparado a “The Song Remais the Same” (76) e apenas mostra o que aconteceu no palco, quando os três membros sobreviventes do Led Zeppelin: Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones se unem novamente a Jason Bonham, filho de John morto em 1980 e mostram ao público do que ainda são capazes.

E se durante a década de 70 o Led Zeppelin era famoso por improvisar sobre o palco longamente, pinçando músicas no repertório de outros artistas em longos pout-porris e/ou apresentando longos solos e verdadeiros duelos entre guitarra e voz; a apresentação de “Celebration Day” é curta, direta ao ponto e sem muito espaço para maiores viagens musicais.

O tom está sim um pouco mais baixo pois a voz de Plant obviamente não é mais a mesma, mas o que falta em agudos, sobra em feeling e em alguns momentos fica mesmo muito difícil não se emocionar.

 Os arranjos mergulham fundo nas raízes hard blues da banda. E vendo bem de perto, graças às câmeras de Carruthers, dá para perceber nos quatro músicos a vontade imensa de estar ali, revisitando mais uma vez aquele capítulo já tão distante de suas vidas.

E depois de ensaiarem juntos por seis semanas, o que se vê no filme está muito próximo da perfeição ajudando a entender porque a banda ainda é considerada por muitos como a melhor banda de rock que já existiu e chega a ser um enorme desafio para o público segurar as lágrimas que teimam em surgir nos olhos em clássicos absolutos como “No Quarter” e “Misty Mountain Hop” ou diante da grandiosidade de “Kashmir”.


Com a emoção sempre correndo solta, “Celebration Day” não é certamente o que se espera ver normalmente em um cinema, o público canta, se agita e aplaude cada vez mais a vontade, a cada nova música executada e a comoção explode quando chega a vez de “Stairway to Heaven”; a canção que Robert Plant não queria mais cantar arranca lágrimas e suspiros de ambos os lados da tela.

E se o filme de Carruthers tem um problema, quase um defeito, em sua perfeição, é o de passar uma grande parte do tempo nos mostrando em close as mãos de Jimmy Page em ação; gênio, bruxo, mestre ou qualquer um dos tantos adjetivos que são associados merecidamente ao seu nome, ele dá aos fãs quase uma videoaula de guitarra e os hipnotiza tocando mais uma vez com o arco de violino.

Para quem quer conhecer melhor o rock e entender porque o Led Zeppelin ainda causa tanto alvoroço, este é um filme necessário, já para os que se dizem fãs, o melhor a fazer é correr para garantir os ingressos para a sessão do dia 03/11 porque este é um filme obrigatório.

Adriana Maraviglia
@drikared

Texto publicado originalmente no blog Planeta Cinema

Setlist do show “Tribute to Ahmet Ertegun” da banda Led Zeppelin

Good Times Bad Times
Ramble On
Black Dog
In My Time of Dying
For Your Life
Trampled Under Foot
Nobody’s Fault But Mine
No Quarter
Since I’ve Been Loving You
Dazed and Confused
Stairway to Heaven
The Song Remains the Same
Misty Mountain Hop
Kashmir
Bis:
Whole Lotta Love
Rock and Roll

Confira o trailer de “Led Zeppelin: Celebration Day”:

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