Best of Blues and Rock 2023 – parte 3
|O terceiro e último dia do Best of Blues and Rock abriu suas portas como no sábado, um pouco mais cedo.
O domingo chegou também com um céu muito azul e o Ibirapuera esbanjando vida.
Os trabalhos foram iniciados pela cantora Day Limns, finalista do The Voice, em 2017 e com um canal de muito sucesso no YouTube, a artista tem um grande público entre os mais jovens, que compareceu em peso para sua apresentação.
Da juventude de Limns e seu público para uma banda veterana da onda rock Brasil da década de 80, a segunda atração de domingo foi o Ira!, que trouxe uma mudança considerável para as primeiras filas mais próximas ao palco.
Saíram os jovens e um público mais velho, fazendo coro para os antigos sucessos, aproximou-se para acompanhar o show.
Atualmente, o Ira! é formado por Nasi (vocais), Edgard Scandurra (guitarras), Johnny Boy (baixo) e Evaristo de Pádua (bateria) e o repertório trouxe ao palco um dos momentos mais importantes da carreira de quase 40 anos do Ira!, o álbum “Psicoacústica”.
Comemorando os 35 anos de lançamento do disco, a banda fez um set de algumas de suas faixas para o show como “Farto do Rock’n’Roll”, “Pegue essa Arma”, “Advogado do Diabo” e “Rubro Zorro”, mas também houve espaço para alguns hits de outros discos como “Flores em Você” e “Tarde Vazia”.
A cantora Day Limns voltou para um dueto de “Eu Quero Sempre Mais”, música que se tornou hit na voz de Pitty.
O Ira! se mostrou em forma e pronto para levantar o público.
O pop rock do Goo Goo Dolls veio a seguir, com uma boa recepção da plateia, a banda surpreendeu aquelas pessoas que a enquadram na categoria de “one hit wonder”, ou banda de uma só música, em português.
De fato, John Rzeznik (voz e guitarra) e Robby Takac (baixo e voz) apresentaram músicas de diversos de seus 18 álbuns de estúdio e seus 37 anos de carreira.
E, sim, eles tocaram “Iris”, da trilha sonora do filme “Cidade dos Anjos” (1998), mas só no final da apresentação, levantando uma “nuvem de celulares”, com todos filmando.
Logo já era a hora da segunda apresentação de Buddy Guy no festival e dessa vez o músico fez um show ainda melhor do que o de sábado.
Apresentando mais uma vez clássicos do blues como “I’m Your Hoochie Coochie Man” e “I Just Want to Make Love to You”, com 70 anos de carreira e 86 de idade, Buddy traz ao palco sua inacreditável jovialidade.
O guitarrista brinca com o público, mais uma vez usa uma baqueta e uma toalha para tocar e mostra que, apesar de estar se aposentando, ainda está no topo de seu jogo.
No final, os filhos Greg e Carlise Guy sobem ao palco para uma versão linda e emocionante de “Little by Little”.
E a noite ainda guardava mais uma surpresa, com uma das guitarras de bolinhas nas mãos, um clássico de Guy, Tom Morello se juntou ao grupo de músicos.
Coube a Tom Morello encerrar o festival. Na estrada há 44 anos, Tom fez e ainda faz parte de bandas essenciais no rock da década de 90 em diante como o Audioslave e o próprio Rage Against The Machine.
Daí o repertório de seu show solo soar tão familiar, a ponto de “erguer celulares” e vozes a cada duas ou três músicas.
O discurso político é sempre afiado, Tom leva muito a sério o uso de sua popularidade em prol do enfrentamento da praga chamada Fascismo.
Assim, ao abrir o show com “One Man Revolution”, Morello não está simplesmente iniciando por uma canção reconhecível, mas por uma declaração de suas intenções na música.
Como na primeira apresentação, Morello desfila hits e mais uma vez presta homenagem a Chris Cornell, companheiro do Audioslave, morto em 2017. Pede ao público para acompanhá-lo cantando “Like a Stone” ou orar por ele, se não souber a letra.
“Secretariat” foi dedicada a Eddie Van Halen e “Voodoo Child” lembrou Jimi Hendrix.
“Killing in The Name” ergueu todos os celulares e colocou todo o Ibirapuera para dançar e cantar.
“Power to the People” de John Lennon, encerrou a noite e o festival.
Uma festa inesquecível para comemorar os 10 anos do Best of Blues. E que venham mais 10!
Adriana Maraviglia
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