Temporada 2002 do Pão Music abre com Gal Costa

GAL COSTA E ED MOTTA – foto: REVISTA ELETRICIDADE

Depois de muita polêmica, onde as questões de preservação do Parque do Ibirapuera foram incansávelmente debatidas na imprensa, a temporada 2002 de grandes shows de MPB foi aberta com uma apresentação memorável de Gal Costa.

Comemorando 10 anos de vida, o projeto Pão Music promete juntar em 2002 um dos grupos mais populares e mais respeitados na década de 70, “Os Doces Bárbaros”, uma das melhores manifestações musicais de todo o movimento tropicalista, trazia em sua formação Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil.

Apesar da tarde fria e nublada, o público estimado na “praia paulista” da Praça da Paz era de aproximadamente 30 mil pessoas, segundo a organização. Todas concentradas para conferir de perto um repertório que mesclava músicas de todas as fases dos 35 anos de carreira de Gal Costa.

E com este espírito, as novas gerações que ajudavam a lotar a praça puderam ouvir muito provavelmente pela primeira vez a interpretação personalíssma de Gal para “Jóia”, música de Caetano Veloso que abriu o espetáculo, evocando diretamente o espírito tropicalista.

A seguir, a beleza de “Força Estranha” emocionou o público. E não foram poucos os momentos de encanto, “Baby” e o lirismo de diversas canções de Tom Jobim embalaram o Ibirapuera, relembrando “Gal Canta Jobim ao Vivo”, um álbum duplo, ao vivo, onde a cantora reafirma sua vocação de melhor intérprete para as canções do maestro.

Gal trouxe como convidado, Ed Motta, um nome que tem se firmado cada vez mais no cenário musical brasileiro e internacional, com seu álbum mais recente intitulado “Dwitza”. Um disco de jazz, que foi mais bem recebido no exterior do que no Brasil, talvez porque o conceito de utilizar a voz como apenas mais um instrumento, ainda não tenha sido muito bem aceito por aqui.

Dividindo os vocais de “Apaixonada” com Gal, Ed mostrou que também brilha na função de compositor de baladas românticas, rasgadas. Sua canção, gravada por Gal no álbum “De Tantos Amores” ajudou a criar um dos melhores momentos do show. Depois num set solo, Ed ainda apresentou “Colombina” e “Um Dom Para Salvador”, do álbum “Dwitza”.

Também merecem destaque “Luz do Sol” e “Lanterna dos Afogados” e alguns clássicos tradicionais já no bis, como “Trem das Onze”, “Se Todos Fossem Iguais a Você” e “Adeus à Batucada”. Mas Gal, como todo grande artista, tem uma característica muito especial que é de se reinventar e renovar, e foi o que o público pode conferir em sua versão para “Alto Lá” de Zeca Pagodinho e “Cabelo Raspadinho” do grupo Chiclete com Banana, que surpreenderam o público pela originalidade.

Deu ainda mais vontade de chegar logo ao final do ano, pois no dia 07 de dezembro Gal Costa retorna ao Ibirapuera, desta vez, dividindo o palco com os demais “Doces Bárbaros”. Um marco na história musical do Brasil e com certeza uma oportunidade imperdível para quem gosta da boa música brasileira.

Adriana Maraviglia 

@revistaeletricidade

 

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