Spotlight é um grande filme sobre a velha arte do Jornalismo
|Ah… o Jornalismo… esta arte tão esquecida aqui neste país. Ver “Spotlight – Segredos Revelados” dá saudades do tempo em que ele era exercido com alguma vontade e levando em consideração o bem da população e do país, em detrimento a qualquer interesse das chamadas elites econômicas.
Mas deixando de lado nossos possíveis anseios por uma imprensa brasileira mais honesta, voltamos a falar sobre este grande filme do diretor Tom McCarthy.
A história real de como uma equipe de repórteres investigativos do jornal Boston Globe revelou ao resto do mundo uma imensa rede de padres que abusavam de crianças e que sempre saiam impunes e ilesos, protegidos pela estrutura da igreja e pela própria justiça.
Pela temática jornalística e pelo elenco estrelado, o filme vem sendo comparado com um grande clássico do cinema, “Todos os Homens do Presidente” (1976), do diretor Alan J Pakula, que se dedicava a mostrar o trabalho incansável de repórteres do jornal “Washington Post” na investigação do caso Watergate, que culminou na renúncia do Presidente Nixon.
Responsáveis por uma sessão especial do Boston Globe, que tem uma autonomia maior para fazer o levantamento de histórias que necessitam de investigação, o time que cuida da coluna “Spotlight” esbarra em diversas queixas de abuso sexual de crianças, cometidos por padres e inexplicavelmente mantidos distantes do radar da imprensa por uma intrincada rede de proteção em que toda a sociedade estava envolvida.
O editor da coluna, Walter Robinson (Michael Keaton) lidera um time formado por Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d’Arcy James) e, mesmo consciente das possíveis repercussões de seus achados, consegue carta branca do jornal para investigar tudo até o fim.
Em algumas partes, o filme pode parecer um pouco cansativo para os que já se acostumaram a ir ao cinema para ver tiros e explosões, mas de uma forma geral, “Spotlight” é uma aula de cinema e também um choque de realidade que serve para nos lembrar a importância do bom jornalismo para a vida em sociedade.
O elenco se mostra bastante afiado, o que dá para presumir um magnífico trabalho do diretor com os atores, pois todos ali “jogam pelo time”, não há grandes viagens no filme a favor do estrelato de um ou de outro e, por isso, esta produção já mereceria uma atenção maior tanto do público, como da crítica.
Mark Ruffalo é quem merece o maior destaque, sua interpretação é primorosa e, fosse um ano em que a Academia não estivesse empenhada em corrigir seus “séculos” de descaso com o talento de Sylvester Stallone, ele seria minha aposta certa para levar a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante para casa.
Dá também para lamentar não ver Stanley Tucci na lista de indicados, ele tem poucas cenas, mas sempre que aparece, ilumina a tela com seu talento incrível e até agora pouco reconhecido pela Academia.
E já que falamos em Oscar, o filme foi indicado em seis categorias: Melhor Edição, Melhor Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Melhor Atriz Coadjuvante (Rachel McAdams), Melhor Roteiro Original, Melhor Diretor (Tom McCarthy) e Melhor Filme. No Globo de Ouro, que é considerado um termômetro do que pode acontecer no Oscar, o filme recebeu três indicações: Melhor Filme – Drama, Melhor Diretor e Melhor Roteiro, mas não levou nenhum prêmio.
Adriana Maraviglia
@drikared
Confira o trailer de “Spotlight – Segredos Revelados”: