Em novo disco, o Depeche Mode chama o mundo para a revolução

A banda Depeche Mode está voltando à cena e nesses tempos bicudos, com um cenário político que desafia a mais pacífica das criaturas a pegar em armas, para recobrar seu espaço, lança “Spirit”, seu 14º álbum de estúdio, com letras que refletem um sentimento presente em todo o mundo; afinal, o que há de errado com a humanidade? Por que, depois de chegarmos onde chegamos surgiu essa horrível onda de retrocesso, impulsionando políticos, que, até pouco tempo atrás, seriam no máximo objeto de piadas a agora ocuparem cargos importantes.

Musicalmente, o Depeche Mode reaparece 4 anos depois de “Delta Machine” no ápice de sua forma, trazendo um disco sólido, ainda mais forte do que seu antecessor, produzido por James Ford (Simian Mobile Disco), que muito provavelmente teve uma imensa dificuldade para acrescentar alguma coisa a personalíssima sonoridade da banda. No caso específico deste disco, detalhes e texturas deixam tudo com um acabamento rico e ousado, que dá um espaço maior para a música orgânica, dentro do já conhecido talento da banda para misturar as duas coisas.

As letras querem provocar a reflexão. Já na faixa de abertura “Going Backwards” a decepção com o estado de coisas está clara e palpável em versos que falam da contradição entre termos toda a tecnologia moderna em mãos, enquanto voltamos a ter uma mentalidade que nos aproxima dos homens das “cavernas”.

Continuando no mesmo clima, mas com ainda mais impacto, “Where’s the Revolution” aprofunda a ideia de decepção quando pergunta “Who’s making your decisions? / You or your religion / Your government, your countries / You patriotic junkies” (quem toma as suas decisões? / Você ou sua religião /seu governo, seus países / Vocês, seus viciados patrióticos)

Com sua força panfletária, “Where’s The Revolution” saiu como primeiro single, ainda no início de fevereiro, com um vídeo provocativo dirigido por Anton Corbjn, e um grande desafio de não sair cantarolando seus versos logo à primeira audição.

Na mesma pegada e com a mesma força vem “Scum”, com vocais distorcidos é a primeira faixa que tem algum espaço para se sair dançando, embora a letra continue “enfiando o dedo na ferida”, a melodia chama para as pistas.

E dá para continuar dançando com “You Move”, a faixa seguinte, mas já em outro clima, mais sexy, deixando a política de lado, com o Depeche Mode trazendo uma de suas facetas de maior aceitação no coração dos fãs.

A balada “Cover Me”, lenta, hipnótica, é Depeche Mode em sua forma mais pura, mas sem deixar de lado a vocação provocativa do disco, tem uma longa e grandiosa apoteose instrumental em sua segunda metade.

“Eternal” é ainda mais lenta, estranha e curta, parece uma vinheta e antecede “Poison Heart”, esta sim um dos pontos altos do disco.

“So Much Love” carrega nas tintas do passado. Tem uma sonoridade tão anos 80, que fica difícil deixar de lembrar da fase de ouro de uma outra banda, o New Order.

Para fechar o disco, “Fail” também invoca o passado, com um discurso que não dá espaço nem à esperança da possibilidade de qualquer melhora no panorama social e político.

Mas não há de ser nada, continuaremos por aí, agora com mais uma obra-prima do Depeche Mode ajudando a nos impulsionar para a frente. Vamos à luta… filhos da pátria…

Adriana Maraviglia
@drikared

Confira a lista de músicas de “Spirit”: 

1 Going Backwards
2 Where’s the Revolution
3 The Worst Crime
4 Scum
5 You Move
6 Cover Me
7 Eternal
8 Poison Heart
9 So Much Love
10 Poorman
11 No More (This Is the Last Time)
12 Fail

Confira o videoclipe da música “Where’s the Revolution”:

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